Com um minuto de silêncio, em memória das vítimas de todas as guerras, e com a entrega de uma “Mensagem de Paz”, se encerrou o Encontro Internacional “Povos irmãos: Terra futura”, na tarde do dia 7 de outubro passado, em Roma, perante o Coliseu, o antigo anfiteatro do Império Romano.

Esse Encontro, organizado pela Comunidade de Santo Egídio –Movimento católico dedicado à resolução dos conflitos, ao ecumenismo e ao diálogo inter-religioso– visava recordar o “Encontro de Oração pela Paz”, que o Papa São João Paulo 2º teve em Assis (Itália), em 1986, com os líderes religiosos do mundo inteiro: encontro inovador, que correspondia às instâncias do Concílio Vaticano 2º.

Papa Francisco presidiu o Encontro, tendo ao lado, Bartolomeu 1º, patriarca de Constantinopla, representante do mundo ortodoxo; Justino Welby, líder da Igreja anglicana, pelos protestantes; o líder sunita do Islam, Almad Al-Tayyeb, com o qual o Papa assinou em Abu Dhabi (Emirados Árabes) a declaração: “Fraternidade Humana”, em 4 de fevereiro de 2019; o presidente dos rabinos da Europa, Pinchas Goldsmidt; Ângela Merkel, chanceler alemã; Sergio Mattarella, presidente da Itália, a escritora Edith Bruck, que pagou um alto preço por ter denunciado a condição de escravidão das mulheres no mundo e o monge Shoten Minegishi, líder budista do Japão.

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Tendo como pano de fundo o Coliseu, outrora palco de espetáculos fratricidas, Francisco constatou que ainda hoje se assiste à violência, em que o irmão mata o irmão. “Não se pode brincar com a vida das pessoas, sobretudo, se forem pessoas pobres e humildes; nem ficar indiferentes perante sistemas políticos de opressão. Antes pelo contrário, é preciso criar empatia, tendo consciência de que partilhamos da mesma humanidade. A verdadeira coragem é a coragem da compaixão” – salientou o Papa.

Com palavras claras e firmes, o Papa denunciou a corrida armamentista e exortou os governos a reduzir as despesas militares, transformando instrumentos de morte em instrumentos de vida e a reverter as verbas destinadas para a guerra em obras humanitárias: “Menos armas, mais pão. Não se pode amar com as armas na mão” – conclamou o Papa. “Cabe às religiões promover a paz no mundo: a oração é a força humilde, que desarma os corações do ódio e faz crescer propósitos de reconciliação e paz. Somos todos irmãos: pelo sangue de Cristo e pelo vínculo da humanidade. Acreditamos na importância de caminhar juntos: uns com os outros, nunca contra os outros. É preciso construir compaixão” – finalizou Papa Francisco.

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Enquanto Papa São João Paulo 2º caracterizou o seu serviço petrino em curar as feridas do passado, como Cruzadas, Inquisição, Aliança entre trono e altar, Condenações da ciência e da liberdade de consciência e ao Papa Bento 16º coube apontar pontos de convergências com o protestantismo, Papa Francisco, ao invés, está  envolvendo a Igreja nos problemas humanos e sociais e a Sé de Pedro em espaço agregador das máximas autoridades mundiais, chamadas a dar especial atenção aos povos pobres e às categorias mais fragilizadas da sociedade e a sensibilizar governos e pessoas sobre a terra ferida.

 

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(*Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano e vigário cooperador da paróquia São José, Serra-ES.)

 

Foto do destaque: Arquivo-TC Digital

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