Neste mês de abril, Cesar Domiciano, poeta e educador social, em parceria com Paulo Cesar Fischer, industriário aposentado e ativista cultural, concluíram o livreto de cordel Júlia Fischer: a guardiã do saber. A publicação narra, em versos, a trajetória da educadora que por sua dedicação marcou a vida de estudantes e nomeia uma das escolas públicas de Baixo Guandu.
Em mensagem à Rede TC de Comunicações, Cesar Domiciano pontua que o livreto faz parte do projeto Versando sobre Memórias, que tem o objetivo de coletar histórias de vida e transcrevê-las em versos de cordel. Segundo a história narrada no livreto, a capixaba Júlia Fischer nasceu no início do Século XX, na cidade de Castelo.
“Foi órfã de pai, e arrimo de família. Com a criação dos irmãos sentiu a inclinação pela educação, entendendo que o conhecimento seria a única porta de saída para as dificuldades então vividas. Iniciou carreira no magistério e aos 19 atuou como professora da Escola Primária de Barra do Mutum” – narra o autor.
Segundo ele, o projeto de registro da vida da educadora foi uma iniciativa de Paulo Cesar Fischer, filho de Júlia Fischer, que, incentivado por ex-alunos, desejava apresentar a história de vida da mãe.
De acordo com Cesar Domiciano, o projeto levou mais de um ano para se concretizar e mobilizou artistas e trabalhadores gráficos de São Mateus. Ele salienta que é o autor da escrita poética. A revisão de texto é da professora Lindamar Alves de Deus, a ilustração da artista visual Shila Joaquim, o projeto gráfico do mestre gráfico Elias Carolino e finalização de Ester Rodrigues.
Cesar Domiciano ressalta que as atividades de lançamento do livro estão sendo pensadas para acontecer em São Mateus e em Baixo Guandu. “A ideia é fazer circular os livros e divulgar a linguagem do cordel e a trajetória de Júlia Fischer” – frisa.
Projeto Versando sobre Memórias
O projeto Versando sobre Memórias teve início na década de 1995, com três títulos de cordel, e é resultado dos diálogos do escritor Cesar Domiciano com antigos moradores da Vila de Itaúnas, em Conceição da Barra.
Ele lembra que em 1959 o vilarejo vivenciou um desastre ambiental e teve a história marcada pela transposição de seus moradores de uma margem para a outra do Rio Itaúnas devido ao soterramento das casas. “A narrativa dos moradores e suas histórias recontadas em versos foram uma experiência que ressignificou o cordel dando o sentido de registro de memórias e aprofundou o caráter dialógico do trabalho” – afirma.
“O recolhimento de memórias e sua transcrição em versos orientou os interesses do cordel e alargou a pesquisa levando-o a ouvir outros segmentos se utilizando de várias parcerias institucionais. O cordel do poeta passa então a servir de voz para vários segmentos da sociedade como oportunidade de voz e vez aos anônimos que constroem cotidianamente a história” – reforça.
O cordelista Cesar Domiciano afirma que em São Mateus já são cerca de oito títulos publicados. “O projeto Versando sobre Memórias veio a se constituir em fonte de pesquisa para trabalhos acadêmicos e hoje, com a publicação de Júlia Fischer: a guardiã do saber, são 17 títulos publicados” – complementa.
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