Na semana passada, quando o governador Renato Casagrande anunciou o novo mapa de classificação que colocou Jaguaré em risco baixo, a esperança dos músicos era de que nesta semana começassem a recuperar o prejuízo acumulado ao longo de mais de um ano de pandemia.

Entretanto, a proibição frustrou os artistas que vivem quase que exclusivamente da música. “Mais de um ano praticamente sem nada”, disse o cantor Serginho Magnago.
Com 35 anos de carreira, Serginho frisa que a situação dos músicos está cada vez mais complicada. Em mais de um ano de pandemia, ele disse que, entre proibições e liberações, conseguiu realizar apenas dois shows.

Para sobreviver, o cantor tem gastado recursos que conseguiu reservar durante a carreira, além do auxílio emergencial do Governo Federal, atualmente de R$ 150. “Não dá para comprar nem a carne do mês”, frisa. O músico já estuda, inclusive, vender a casa e comprar uma mais simples, garantindo assim mais tempo de subsistência.

Para Serginho, o Município deveria seguir o que preconiza a Sesa e liberar a música ao vivo. Até porque, avalia que a medida não tem muita diferença em relação à transmissão de coronavírus, desde que seguidos todos os protocolos sanitários.

O cantor percebe contradição no fato de que o som mecânico esteja liberado nos estabelecimentos e a música ao vivo, o ganha-pão dele, não.

“Um ano só para se manter”

Wellington Moro: “Já que liberou para outras coisas,
para ser justo, teria que liberar para a gente”.

Sem poder colocar música ao vivo em seu estabelecimento, o proprietário do Futbar, Wellington Moro, frisa que está trabalhando há mais de um ano sem obter lucro. “Um ano só para se manter”, disse. Conforme o empresário, nos momentos de proibição de atendimento presencial, trabalhou no sistema de delivery.

Com os recursos cada vez mais escassos, explica que consegue pagar os funcionários e arcar com as despesas, apenas. “Não sobra nada!”, enfatiza. Como tem um espaço amplo, de 500 metros quadrados, Wellington Moro entende que consegue atender o público respeitando o distanciamento recomendado pelas autoridades sanitárias. Dessa forma, pode agregar a música ao vivo e ainda garantir um ganho aos artistas locais.

O comerciante também percebe contradição no fato de proibir a música ao vivo, mas liberar o som mecânico, o que acaba afetando a renda dos músicos.
Também produtor de shows, Wellington Moro ressalta que fica sem essa fonte de renda. “Já que liberou para outras coisas, para ser justo, teria que liberar para a gente”, afirma, lembrando que eventos sociais, como festas de casamento e aniversário, estão permitidos.

Outra questão levantada por Wellington Moro é que, enquanto os estabelecimentos legais, que têm custos como alvarás, funcionários e segurança, não podem fazer shows, observa que festas são realizadas clandestinamente com aglomerações e sem atender aos protocolos mínimos de prevenção à covid-19.

Ele frisa que não há como fazer contestação porque cabem aos municípios estabelecerem medidas restritivas complementares àquelas do Governo do Estado.

 

Cerimoniais também sofrem com proibição

Proprietária do Espaço LV, Lucimara de Souza Pancini, a Kinha, destaca que os cerimoniais são estabelecimentos que também estão sofrendo há mais de um ano com as restrições da pandemia.

Ela detalha que uma festa com show musical agendada para sábado foi cancelada por conta do decreto municipal. Conforme disse, o prejuízo dela ficou por conta do não recebimento pelo aluguel do espaço. O organizador do evento ainda terá que arcar com as bebidas que já havia comprado.

Por ser também agricultora, Kinha salienta que tem outras fontes de renda nas lavouras de café e pimenta-do-reino. Entretanto lamenta que outros colegas encontrem dificuldades, principalmente os músicos. “Se não liberar logo, não sei o que vai acontecer”, manifesta.

Ela também lembra a contradição na proibição de música ao vivo, em razão do som mecânico estar liberado. “Não sei por qual motivo. Não tem diferença nenhuma” – sustenta.

 

Jaguaré-ES

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