A Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) comunicou nesta quarta-feira (24) que subiu para 12 a quantidade de casos confirmados da Febre do Oropouche, cujo vetor é o mosquito conhecido como maruim. Os casos estão espalhados por cinco municípios. Não há confirmação de óbitos em decorrência da doença no Estado.

Na terça-feira (23), a Sesa havia confirmado os primeiros oito casos da Febre do Oropouche no Estado, sendo cinco em Colatina, um em Vitória, um em Sooretama e outro em Rio Bananal. Nesta quarta, a Secretaria registrou mais um caso em Colatina, outros dois em Vitória e mais dois em Sooretama, além do primeiro caso em São Gabriel da Palha.

“É uma doença que não apresenta letalidade, até o momento, e tem sintomas muito parecidos com os da dengue –febre, dor no corpo e dores nas articulações. É essencial o diagnóstico laboratorial para um acompanhamento efetivo dos casos, bem como as ações de vigilância epidemiológica municipais para monitoramento da situação” – destaca o subsecretário estadual de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso.

Amostras com suspeita de arboviroses, normalmente encaminhadas para detecção de Zika (Z), Dengue (D), ou Chikungunya (C), são inicialmente testadas utilizando-se a técnica de RT-PCR, mesma utilizada para diagnóstico do Covid-19 e demais vírus respiratórios.

A Secretaria Estadual da Saúde relata que os 12 casos de Febre do Oropouche, doença transmitida pelo mosquito maruim, foram registrados em Colatina, Vitória, Sooretama, São Gabriel da Palha e Rio Bananal.
Foto: Sesa/Divulgação

“Caso as amostras testadas sejam consideradas negativas para Zika (Z), Dengue (D) ou Chikungunya (C), protocolo ZDC, a amostra então é submetida a uma segunda rodada de RT-PCR, na qual são testadas para a presença dos seguintes arbovírus: Mayaro, Oropouche e Febre do Nilo” – explica a Sesa.

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O que é a Febre do Oropouche?

 

A Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) explica que a Febre do Oropouche é uma doença causada por um arbovírus –vírus transmitido por artrópodes, mosquitos– do gênero Orthobunyavirus, da família Peribunyaviridae.

O Orthobunyavirus oropoucheense (OROV) foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960, a partir de amostra de sangue de um bicho preguiça (Bradypus tridactylus) capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil, principalmente nos estados da região Amazônica.

O vetor da febre do Oropouche é um inseto pequeno, de um a três milímetros, popularmente conhecido como maruim ou mosquito pólvora. Sua coloração varia de cinza a castanho escuro e possui asas curtas e largas. Está geralmente associado a regiões com maior umidade e presença de matéria orgânica.

Entre as características do OROV, destaca-se seu elevado potencial de transmissão e disseminação, com capacidade de causar surtos e epidemias em áreas urbanas. Não há vacina e tratamento específico disponíveis.

 

Quais os sintomas?

 

As manifestações clínicas da infecção são parecidas com de outras arboviroses, como dengue, chikungunya e febre amarela, embora os aspectos ecoepidemiológicos dessas arboviroses sejam distintos.

Os casos agudos evoluem com febre de início súbito, cefaleia (dor de cabeça), mialgia (dor muscular) e artralgia (dor articular). Outros sintomas como tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos também são relatados.

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Casos com acometimento do sistema nervoso central (por exemplo, meningite asséptica e meningoencefalite), especialmente em pacientes imunocomprometidos, e com manifestações hemorrágicas (petéquias, epistaxe, gengivorragia) podem ocorrer.

Parte dos pacientes pode apresentar recidiva, com manifestação dos mesmos sintomas ou apenas febre, cefaleia e mialgia após 1 a 2 semanas a partir das manifestações iniciais. Os sintomas duram de 2 a 7 dias, com evolução benigna e sem sequelas, mesmo nos casos mais graves. Não há relatos de óbitos associados à infecção.

“As picadas do vetor costumam causar bastante incômodo e reações alérgicas. Não existe tratamento específico para a doença. Os pacientes devem permanecer em repouso, com tratamento sintomático e acompanhamento médico”, frisa a Sesa.

 

 

Como ocorre a transmissão

 

De acordo com a Sesa, há dois ciclos de transmissão descritos da Febre do Oropouche: silvestre e urbano. No ciclo silvestre, bichos preguiça e primatas não-humanos (e possivelmente aves silvestres e roedores) atuam como hospedeiros. Há registros de isolamento do OROV em algumas espécies de mosquitos, como Coquillettidia venezuelensis e Aedes serratus.

No entanto, o suposto vetor primário é o Culicoides paraensis (Diptera: Ceratopogonidae), conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. No ciclo urbano, o homem é o hospedeiro principal, e o vetor primário também é o C. paraensis. Eventualmente, o mosquito Culex quinquefasciatus pode transmitir o vírus em ambientes urbanos.

Até o momento não há evidência de transmissão direta de pessoa a pessoa. Após a infecção, o vírus permanece no sangue dos indivíduos infectados por 2-5 dias após o início dos primeiros sintomas. O período de incubação intrínseca do vírus (em humanos) pode variar entre 3 e 8 dias após a infecção pela picada do vetor.

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Como prevenir a doença

 

De acordo com a Sesa, o habitat em que o mosquito vetor se desenvolve varia de espécie para espécie. De modo geral, três elementos são necessários: umidade, sombra e matéria orgânica.

Dessa forma, as medidas para a prevenção da Febre de Oropouche envolvem o manejo mecânico do ambiente e medidas de proteção individual. “No manejo mecânico é necessário manter árvores e arbustos podados, de forma a aumentar a insolação no solo, retirar o excesso de matéria orgânica (folhas, frutos e etc.); manter terrenos baldios livre de matos, dependendo da situação, e o plantio de grama pode ajudar a manter a população de maruins sob controle; e manter os abrigos de animais (aves, suínos, bovinos e outros) sempre limpos” – detalha.

Com relação às medidas de proteção individual, o uso de repelentes e roupas compridas pode ajudar a diminuir as picadas. Já o uso de telas em portas e janelas, como barreiras físicas, recomendados em alguns casos, não surtem muito efeito devido à necessidade dessas telas terem uma gramatura muito pequena, e esse fato acaba por reduzir a circulação de ar dentro dos imóveis.

Foto do destaque: Sesa/Divulgação

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