“Não acredito que o Município, e nem o Saae, tenha recursos financeiros e tempo necessário para fazer o saneamento básico que São Mateus requer”. Com essa premissa, o diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), Antônio Carlos Luiz de Souza, o Tonyko, detalhou a situação da autarquia, em pronunciamento na tribuna da Câmara Municipal na sessão desta semana.

Há 30 anos como servidor do Saae, o novo diretor ressalta que o prefeito em exercício Aílton Caffeu e os vereadores têm buscado parcerias junto ao Governo do Estado para melhorar o abastecimento de água potável e a coleta e tratamento de esgoto. Contudo alerta: “O saneamento de São Mateus urge”.

Tonyko recordou que, entre os dias 28 de setembro e 15 de outubro, a população mateense voltou a conviver com os problemas decorrentes do aumento do teor de sal nas águas do Rio Cricaré, de onde é feita a captação para abastecimento da Cidade. Por isso o Saae passou a buscar água em caminhões-pipa rio acima, numa fazenda já na altura do Km 6 da BR-381, além de ter acionado poços artesianos.

O diretor explica que esses poços na área urbana só são ligados quando há necessidade de complementação para atender a demanda. Contudo o problema de abastecimento de água persiste principalmente em comunidades rurais, como Itauninhas e na Região dos Quilômetros, no Distrito de Nestor Gomes.

O novo Marco Legal do Saneamento Básico determina que, até 2033, haja coleta e tratamento de esgoto para 90% da população. E o diretor do Saae dá a triste notícia: hoje em São Mateus são tratados apenas 3,8% do esgoto coletado. Tonyko acrescenta que a cada 1.000 litros de água consumidos são gerados 800 litros de esgotos, que ninguém quer que sejam tratados nas proximidades.

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Defasagem no quadro de servidores

 

São Mateus – Outra dificuldade enfrentada pela autarquia fundada em 1967 é a defasagem no quadro de servidores, de acordo com o diretor do Saae. “Quando tínhamos em torno de 30.000 ligações de água no Município, tínhamos 120 funcionários. Hoje que temos 42.000 ligações de água, temos apenas 70 servidores” – explica Tonyko. Ele acrescenta ainda que entre esses 70 funcionários há profissionais em idade avançada, com problemas de saúde ou sociais que não conseguem ter plena força no trabalho.

O diretor pondera, entretanto, a dedicação dos profissionais que seguem na ativa, “trabalhando muito para que São Mateus não viva um caos na área de saneamento”. E relata inclusive jornadas amplas de trabalho nas escalas de plantões, “para que o saneamento de São Mateus não falhe”.

Em busca de soluções, Tonyko disse que já discutiu com o prefeito em exercício a possibilidade de elaboração de projeto de lei visando a contratação de DTs para auxiliar a equipe do Saae.

O diretor do Saae ainda ressalta a incapacidade da autarquia realizar investimentos. Ele explica que o orçamento proposto para 2022 é de R$ 15 milhões, consumido em grande parte pelas contas de energia elétrica (R$ 3,5 milhões) e despesas de pessoal (R$ 7,2 milhões). “Só de energia e folha dá mais de R$ 10 milhões por ano. E ainda temos manutenções, combustíveis, produtos químicos, veículos e uma série de outras demandas. O que sobra para investimentos? Nada” – complementa Tonyko.

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Preocupações compartilhadas por vereadores

 

São Mateus – A preocupação do diretor Antônio Carlos Luiz de Souza com a situação do Saae foi compartilhada pelos vereadores, incluindo Delermano Suim e Isael Aguilar, que são servidores da autarquia há mais de 30 anos.

Isael reforça que “o Saae precisa muito da ajuda do Município e do Governo do Estado”. E observou que está na hora de discutir revisão de tarifas e substituição de hidrômetros fora do prazo de validade para melhoria dos serviços. Citou inclusive problema no abastecimento de Itauninhas. Tonyko explicou que um hidrômetro tem vida útil de cinco a sete anos e que em São Mateus apenas 5.700 estão no prazo de validade, com prejuízos ao Saae.

Carlinho Simião pediu mais informações sobre a capacidade de investimentos. O diretor explicou que o Saae tem dívida de R$ 6,5 milhões, referente a não repasse integral da taxa de coleta de lixo desde 2015.

“As pessoas têm que pagar mais as contas de água. Se não pagar, não vai ter receita para fazer os investimentos” – disse o vereador Cristiano Balanga. Ele perguntou sobre a elaboração de projeto técnico para construção de rede de esgotos ligando os bairros Nova Era e Esplanada (Seac), onde há uma estação de tratamento. O projeto deve ficar pronto no início do próximo ano.

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O vereador Robertinho de Assis requereu solução definitiva para os alagamentos no entorno do Mercado Municipal Wilson Gomes, com construção de galeria no Córrego da Bica, e drenagem pluvial em Guriri. Também elencou urgência de drenagem no Bairro Eldorado, na Grande Pedra D’Água.

Ciety Cerqueira relatou problemas de abastecimento de água em Nova Aimorés e Nestor Gomes e questionou sobre perfuração de poços artesianos para abastecimento em comunidades rurais. Na sessão, ela inclusive apresentou indicação para estudo em vista de construção de estação elevatória de água na localidade Aguirre, em Nestor Gomes.

Autor do convite a Tonyko para relatar a situação do Saae, o vereador Delermano Suim elogiou a dedicação de todos os servidores da autarquia e lembrou que os desafios crescem a cada dia.

Na mesma sessão, o vereador Lailson da Aroeira, líder do Prefeito, indicou drenagem pluvial na Rua Santa Rosa, no ponto final do Bairro Aroeira. Carlinho Simião requereu estudo para saneamento básico em ruas e avenidas de Guriri.

 

Foto do destaque: Divulgação

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