Desde sexta-feira, um grupo de manifestantes realizam bloqueios na portaria da Suzano, em Conceição da Barra. As informações foram confirmadas pela assessoria da empresa. “A Suzano repudia as manifestações realizadas desde sexta-feira que bloquearam o acesso às instalações da empresa, em Conceição da Barra, cerceando o direito constitucional de ir e vir” – frisa em nota encaminhada à Reportagem.

De acordoo com a empresa, manifestantes “estão agindo ostensivamente: furtaram refeições que iriam alimentar trabalhadores, tomaram um carro da empresa e o utilizaram para bloquear a passagem. No final de semana um carro da vigilância patrimonial da Suzano foi incendiado e outro foi alvejado por tiros” – detalha.

A Suzano registrou a manifestação na manhã desta quarta-feira defronte à unidade de Conceição da Barra, na margem da BR-101.

Segundo a Suzano, na terça-feira foi feito um novo bloqueio que impediu a entrada e saída no local. “Nesta quarta-feira a entrada dos ônibus que levam os trabalhadores foi bloqueada, impedindo a entrada de 70 colaboradores que estão retidos pela manifestação” – afirma a empresa. 

Ainda de acordo com a Suzano, a manifestação é motivada pela apreensão de dois caminhões de madeira na sexta-feira. “Os veículos foram apreendidos pela polícia, um por conta de irregularidades na carga e outro por conta de irregularidades na documentação do veículo” – explica.

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A Suzano informa também que os manifestantes querem que a empresa intervenha para liberar os veículos, “mas essa é uma ação que foge da competência da empresa”. 

 

ACUSAÇÕES

A empresa afirma que autorizou os quilombolas a coletarem resíduos, como pontas e galhos em áreas da Suzano, o que segundo ela gerou cerca de R$ 4 milhões para mais de 20 associações do norte do Espírito Santo em 2021.

“Um dos caminhões apreendidos pela polícia não transportava carga de ponta de galhos, mas sim madeira extraída de área atingida pelo fogo, o que caracteriza furto de madeira. A Suzano acionou as autoridades competentes e aguarda o restabelecimento da normalidade da situação. A empresa preza pelo diálogo buscando sempre fortalecer o relacionamento com todas as partes interessadas presentes em seus territórios de atuação e repudia práticas como manifestações dessa natureza, que em nada contribuem para esse diálogo” – complementa.

A empresa afirma que esse foi o segundo ato dessa semana. As manifestações tiveram início com um bloqueio realizado por quilombolas na sexta-feira.

PM

A Assessoria do Batalhão da Polícia Militar de São Mateus afirmou que acompanha as manifestações.

 

Liderança diz que aguarda liberação de veículo e reunião com empresa

 

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Líder quilombola afirma que a nota fornecida pela Suzano para autorizar o transporte do material coletado não possui valor fiscal.

Liderança quilombola da Comunidade São Domingos, Altiane Brandino dos Santos disse à Reportagem que as manifestações são pela liberação de um caminhão que continua apreendido. Segundo ele, o veículo estaria estacionado em um pátio no Bairro Litorâneo, em São Mateus. Outro objetivo dos manifestantes, segundo Altiane, é realizar uma reunião com a empresa para resolver algumas pendências. 

Uma delas, de acordo com a liderança quilombola, é fazer com que a liberação para coleta de material seja feita de maneira oficial. Altiane disse que um documento apresentado pela empresa, por não ter valor fiscal, foi tido como ilegal numa fiscalização. Ele frisa ainda que o dono de um caminhão apreendido pagou uma multa e conseguiu liberar o veículo. No entanto outro, que pertence a uma das associações quilombolas, continua apreendido.

Sobre as acusações da Suzano, Altiane afirmou que elas são equivocadas. Ele disse que os incidentes com veículos que prestam serviço de segurança para a empresa ocorreram em local distante da manifestação e que não foram protagonizados por integrantes dos quilombolas.

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A respeito das refeições, ele frisou que, como o acesso ao pátio da empresa havia sido interrompido, o próprio condutor do veículo que transportava as marmitas liberou a comida para quem quisesse pegar com medo de que os alimentos estragassem.

Segundo Altiane, a madeira doada pela Suzano é comercializada e o dinheiro é dividido entre as famílias de cada associação quilombola. Ele enfatiza que esse recurso serve para melhorar a renda das famílias.

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