Quais os desafios do Sistema Único de Saúde (SUS) para o período pós-pandêmico? Secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes reflete que um deles é “o SUS querer e decidir ser melhor que o sistema de saúde privado”.

A declaração foi dada em entrevista à Rede TC de Comunicações, antes do secretário ministrar aula magna de cursos da área da saúde do Centro Universitário Vale do Cricaré (Univc), na noite de quarta-feira (17), no auditório do Sesc.

Nésio frisa que é preciso que o SUS seja tão bom que a população, “as pessoas mais simples”, tenham confiança e orgulho em defendê-lo, e que também a classe média seja conquistada para o sistema público.

O secretário participou da aula magna de cursos da área da saúde do Centro Universitário Vale do Cricaré (Univc), na noite de quarta-feira (16), no auditório do Sesc. Foto: Wellington Prado/TC Digital

Mas como conseguir atingir esse objetivo? Para Nésio, é necessária uma agenda estratégica, com incorporação tecnológica, qualificação de recursos humanos e expansão da rede.

“Incorporando todas as boas práticas de gestão que possam permitir que a gente não tenha perda de recursos financeiros, energia e estratégia que são ineficientes. Nós temos hoje no Espírito Santo estratégias bem definidas, bem claras e definidas para reduzir risco, para promover saúde, para poder diagnosticar e tratar doenças e para garantir ao paciente que ao entrar no sistema de saúde ele não fique perdido” – sustenta.

“Consolidar uma atenção básica resolutiva”

Nésio Fernandes avalia ainda que existe um desafio no Brasil, e ainda maior no Espírito Santo em relação ao resto do País, que é de consolidar uma atenção básica resolutiva e de acesso universal. “Hoje a pessoa não consegue confiar na atenção básica de saúde porque ela é muito frágil”, observa.

“Hoje a pessoa não consegue confiar na atenção básica de saúde porque ela é muito frágil”, observa Nésio.

O secretário entende que, consolidando a atenção básica, transformando-a “na porta verdadeira de acesso à saúde”, com toda estrutura hospitalar que está sendo montada, ela pode se tornar um dos melhores sistemas de saúde pública da América Latina.

“Mas, no entanto, se a gente só tiver hospital e não tiver atenção primária forte e resolutiva, corremos grande risco de ter um sistema ineficiente e muito caro”, aponta.

Lição da pandemia será a de não subestimar riscos, afirma secretário

“Quando você está diante de um fenômeno desconhecido, que ninguém enfrentou ele até o presente momento, que ele tem um comportamento que muta, vai mudando ao longo da evolução daquele fenômeno, daquele desastre, se você subestimar corre grande risco de ser destruído”.

Nesta análise, o secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes, destaca que uma lição deixada pela pandemia de coronavírus é não subestimar riscos.

O secretário salienta que o Governo do Estado não subestimou a pandemia, antecipou medidas e se preparou para o pior cenário. Ele cita como exemplo o lançamento, em março de 2020, da estratégia Leito para Todos, na qual leitos foram inaugurados até janeiro de 2021.

“E isso permitiu que o Estado não se colapsasse na garantia do acesso de saúde. Não vivemos no Espírito Santo aqueles cenários que viveu a Europa e outros estados do Brasil” – sustenta.

LEGADO

Nésio afirma que as decisões sólidas e robustas tomadas no enfrentamento à pandemia podem se tornar legado para outros momentos de crises sanitárias.

Ele cita o desenvolvimento das plataformas tecnológicas mRNA e de vetor viral que são utilizadas nas vacinas da Pfizer, da Moderna, da AstraZeneca e da Sputnik. “Vão se constituir, sem dúvida nenhuma, em metodologia e plataformas em novas pandemias, novos surgimentos de variantes, para que possam ser atualizadas rapidamente para serem utilizadas como medidas eficazes e seguras para a imunização de populações inteiras”.

Falando localmente, o secretário cita a ampliação de leitos. Nésio detalha que o Estado tinha 600 leitos na rede estadual e filantrópica regulada para atendimento de todas as doenças antes da pandemia. Agora, são 1.330 leitos regulados, mais que o dobro.

Fora isso, relata que o Estado pretende construir, além do complexo de saúde em São Mateus, hospitais em Cariacica, Baixo Guandu e possivelmente em Colatina. Ele anuncia que nas próximas semanas o Governo assume a gestão também do Hospital Geral de Linhares.

Aula magna teve participação de autoridades

A palestra ministrada pelo secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes, na aula magna para estudantes do Centro Universitário Vale do Cricaré (Univc), na quarta-feira (16), no auditório do Sesc teve como tema Desafios da gestão em Saúde em tempos de crise.

A programação foi conduzida pelo coordenador da área de Saúde I e de Licenciaturas da Univc, professor José Roberto Gonçalves de Abreu. Autoridades participaram da abertura, dentre elas, o secretário municipal de Saúde, Henrique Follador, o vereador Cristiano Balanga, o pró-reitor administrativo da Univc, Daniel Salume, e o superintendente regional de Saúde, Edilson Monteiro.

Estiveram presentes ainda acadêmicos dos cursos de Fisioterapia, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Odontologia e Psicologia, além de docentes –incluindo coordenadores de cursos– da instituição. Ao final da aula magna, profissionais da linha de frente de enfrentamento à pandemia em São Mateus foram homenageados com a entrega de placas.

Foto de destaque: Divulgação

 

 

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