DANAE STEPHAN

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Casa de praia dá trabalho: a maresia corrói peças de ferro, o sol detona esquadrias e janelas, a umidade favorece o crescimento de mofo em armários fechados.
Mas dá para tornar qualquer imóvel mais resistente a esses problemas e, assim, reduzir a frequência da manutenção.

Tudo começa no projeto, que deve priorizar luz direta e ventilação cruzada, itens que por si só ajudam a evitar a formação de mofo.
“Importante ter em mente que não é preciso ocupar o terreno todo. Reservar pelo menos 50% do espaço para jardins, pérgolas e caramanchões faz com que a casa fique mais ventilada e equilibrada”, diz Wesley Lemos, arquiteto baiano acostumado a construir em locais campeões de maresia, como Ceará, Bahia e Sergipe.

Para favorecer a ventilação, quanto mais elementos vazados, melhor, lembra a arquiteta Consuelo Jorge. Além de abusar de janelas e varandas, ela indica usar materiais como cobogós para separar ambientes sem impedir a passagem do vento.
Nesse quesito, apartamentos têm suas vantagens. Por estarem elevados, a ventilação é mais intensa. “Aí a preocupação maior é com as esquadrias, que recebem o impacto do vento salgado pra valer”, diz Renato Siqueira, do escritório Perkins and Will, que assina o edifício Bambu Atmosfera, em Ubatuba, cujo principal diferencial é o uso do bambu em toda a sua fachada.

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A melhor opção, concordam os arquitetos, são as esquadrias de PVC, que duram mais e têm melhor vedação, inclusive acústica. O lado negativo é o preço: até 15% mais caras que as de alumínio.
Para as portas internas, a madeira ainda é a melhor saída e também a mais barata. Entretanto, é preciso ficar de olho nos cupins. Maçanetas e dobradiças de inox são as que têm maior durabilidade.

Pisos, paredes, móveis e tecidos de revestimento têm que ser específicos para ambientes úmidos ou receber tratamentos especiais.
Nas paredes, a tinta antimofo é aliada: é lavável e dura até cinco anos. No piso, ladrilho hidráulico e pedras naturais como limestone e cariri mantêm a casa fresca e servem como drenantes nas varandas.

Ao reformar um sobrado em Trancoso, na Bahia, Consuelo Jorge optou por construir com materiais comuns à região, a exemplo do eucalipto, usado nas vigas, e do cimento queimado branco, aplicado tanto no piso quanto nas paredes.
“Gosto de usar as técnicas e materiais locais e levo de São Paulo o mobiliário de design, com produtos de corda, fibra sintética e tecidos náuticos”, explica. É essa mistura, garante a arquiteta, que dá o toque aconchegante aos ambientes –e barateia a construção.
Bancadas e móveis devem ser abertos, ou com portas vazadas, para ventilar e evitar mofo nas roupas. Ainda assim, recomenda-se que, fora de uso, as roupas de cama e banho sejam guardadas em sacos plásticos.

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Já as luminárias devem ser escondidas e protegidas da ação da maresia. “Prefira peças de embutir em forro, com lente que proteja também a lâmpada”, diz Lemos.

PISOS
Prefira materiais foscos, como cerâmica, cariri e limestone. Com o atrito da areia, o brilho sai logo e o revestimento perde a resistência. Ardósia também aguenta bem, é barata e de manutenção fácil, mas deve receber uma camada de verniz ou hidrofugante para uso em áreas internas.

PAREDES
Tinta acrílica lavável e antimofo pode dobrar a durabilidade da pintura, garantindo até cinco anos de sossego. Já as técnicas de texturização duram até dez anos, de acordo com a arquiteta Consuelo Jorge.

JANELAS
Madeira é resistente à maresia, mas sofre com o sol e cupins. Uma camada de verniz marítimo garante até três anos de exposição, mas exige raspagem antes de nova pintura. Já o stain, resina com proteção solar e fungicida, dispensa a lixa, mas deve ser reaplicado anualmente. Nas esquadrias, alumínio ou PVC são os mais indicados.

TELHADO
O material mais resistente é o concreto: dura até 50 anos, de acordo com o arquiteto Renato Siqueira. É mais caro que telhas de barro ou fibrocimento, que duram cerca de três anos, e deve receber uma manta de proteção por baixo, para reduzir a temperatura interna em até 4°C.

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FERRAGENS
Parafusos, dobradiças e puxadores são ponto de absorção de ferrugem, por isso se deve optar por modelos de aço inox ou aço cromado de qualidade.

MÓVEIS
O truque da arquiteta Marília Veiga é usar vime, madeira de demolição e outros materiais que, além de não sofrerem desgaste tão grande com a maresia, ficam mais bonitos com o passar do tempo. Madeira reciclada, bambu e corda náutica também são boas pedidas. Para evitar cupins, a saída é revestir os móveis internos com MDF naval.

TECIDOS
Os náuticos são indicados tanto para áreas externas quanto internas. Se preferir tecidos mais naturais, como linho e algodão, eles devem ser pré-lavados, para evitar encolhimento. Para tapetes e cortinas, prefira os sintéticos, que duram mais e não mofam.

ELETRODOMÉSTICOS
Fogão, geladeira e freezer devem ser de inox de alta qualidade. Sempre que utilizar, limpe com vaselina líquida, que remove gorduras e aumenta a proteção à maresia. Renato Siqueira recomenda deixar TVs e aparelho de internet ligados, em modo de espera. Os circuitos ficam aquecidos, o que evita acúmulo de umidade

Fontes: Consuelo Jorge, Marília Veiga, Renato Siqueira e Wesley Lemos, arquitetos

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