GIULIANA MIRANDA
LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) – Um trabalho brasileiro foi o primeiro vencedor de um novo prêmio da Universidade do Algarve, no sul de Portugal, dedicado à excelência acadêmica. O livro “A Institucionalização da Pan-Amazônia”, de Paulo Henrique Faria Nunes, professor da PUC Goiás, foi escolhido por unanimidade pelo júri.
A obra analisa a necessidade e também as dificuldades do estabelecimento de uma “diplomacia pan-amazônica”, uma vez que a floresta representa, simultaneamente, um trunfo e um motivo de preocupação para o país.
Multidisciplinar, o trabalho reúne aspectos de várias áreas do conhecimento e mergulha em documentos e estatísticas sobre a região amazônica.
Segundo o autor, “a produção dedicada ao assunto é pequena e, consequentemente, os problemas da diplomacia pan-amazônica não figuram entre as leituras regulares de estudantes de geografia, ciência política, relações internacionais e direito”.
Uma das integrantes do júri, a escritora Lidia Jorge destacou a complexidade da obra e seu diferencial em apresentar propostas para melhorar a região.
“Há uma proposta de ação explícita: a necessidade absoluta e imperiosa da instauração de instrumentos jurídicos institucionais, que contribuam para uma articulação eficaz entre os oito estados, tendo em vista o desenvolvimento das populações e mantendo ao mesmo tempo o equilíbrio dos vários ecossistemas cruzados”, afirmou.
Ao aceitar o prêmio, Paulo Henrique Faria Nunes destacou as dificuldades para a atividade dos professores no brasil.
“Nós professores e pesquisadores brasileiros enfrentamos muitos obstáculos para desenvolvermos projetos de investigação, principalmente nas instituições privadas. As universidades brasileiras priorizam exageradamente as atividades do professor em sala de aula e nem sempre estão dispostas a investir na produção do conhecimento”, afirmou.
Criado em comemoração dos 40 anos de fundação da Universidade do Algarve, o prêmio Manuel Gomes Guerreiro -batizado em homenagem ao cientista e primeiro reitor da instituição – teve sua primeira edição em 2019 e será, a partir de agora, anual.
O objetivo é contemplar uma obra publicada, livro ou tese de doutorado, “que contribua para o desenvolvimento científico numa das áreas de conhecimento” da universidade. A obra vencedora recebe 10 mil euros (cerca de R$ 45,6 mil).
Com mais de 8 mil estudantes, a Universidade do Algarve tem forte presença de estrangeiros: cerca de 23% dos alunos são de fora de Portugal. Embora os estudantes internacionais sejam de 85 nacionalidades diferente, os brasileiros são maioria entre os que vêm do exterior.

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