O mundo muda a todo instante e o desejo de mudar nunca está saciado. Desde o momento em que vamos nos descobrindo dentro da sociedade, os questionamentos vão aumentando e nosso anseio por um mundo melhor nos impulsiona em busca de transformações. Isso se dá também na tecnologia, que se desenvolve permanentemente, criando novas demandas e fazendo-nos adotar novos hábitos.

Foi o chinês Bi Sheng em 1.040 quem inventou os tipos móveis. Mas foi o alemão Gutemberg em 1.439 quem aperfeiçoou os tipos móveis e provocou a Revolução da Imprensa. Desde então, o processo de difusão da informação cresceu de tal forma que fez com que os tipos móveis de Gutemberg fossem reconhecidos como o invento mais importante do segundo milênio da Era Cristã.

Até então o processo de difusão da informação se dava boca a boca ou em pequenos livros produzidos artesanalmente e manuscritos. De lá para cá, a imprensa experimentou muitos avanços tecnológicos, saindo dos tipos móveis para a composição mecânica dos textos nas famosas linotipos, depois pela composição eletrônica e o paste-up, chegando à composição e arte-final completamente digitais. Agora chega-se à distribuição digital da informação através dos diversos mecanismos propiciados pela internet.

Aqui na TC, em 35 anos de persistente evolução empresarial, passamos por quase todas essas fases. Eu e meu irmão Antonio iniciamos em 1984 com a impressão na tipografia do jornal do nosso pai, Matosinhos de Castro. Em 1985 adquirimos uma tipografia equipada com uma linotipo, que fazia a composição mecânica dos textos para impressão. Em 1990, fomos o primeiro jornal do Espírito Santo a adotar o sistema de arte-final completamente digital. Nós pulamos a fase da tecnologia de composição eletrônica e paste-up, até então utilizada nos jornais A Gazeta e A Tribuna e em outros jornais de capitais brasileiras.

Depois esses jornais também aposentaram os sistemas de paste-up e incorporaram a arte-final digital.

A chegada da internet impõe agora aos jornais novos desafios. Na verdade, a internet traz consigo desafios a todos os segmentos econômicos, sejam da indústria, do comércio, da agricultura ou do setor de serviços. Quase tudo está em disrupção. Novas formas de produzir, distribuir e consumir são a todo momento criadas, colocando em xeque a forma tradicional de funcionar a economia.

O que não muda em tudo isso é a essência do que os jornais sempre produziram: notícias com credibilidade e responsabilidade. E o jornal, impresso, tradicionalmente é a maior fonte de informação credível do Brasil e do Mundo. Com todo o respeito ao rádio e a televisão, mas a notícia em jornal sempre carregou consigo a força da palavra impressa, documentada para sempre.

Agora os blogs e sites de todas as espécies inundam a internet com milhões de informações – e também de contra-informações e fake news. Antigamente, a fofoca era espalhada sordidamente de boca em boca. Agora continua sendo espalhada de forma sórdida, mas também digitalmente. Mais do que nunca, o mundo precisa de fontes confiáveis de informação que ajudem a identificar o que é fato e o que é fake news. E mais uma vez são as empresas jornalísticas que estão preparadas para essa missão e levam consigo, em cada notícia, a responsabilidade que a tradição lhes impõe. Esse é o maior patrimônio de qualquer jornal e que nenhum jornalista em sã consciência vai jogar fora.

No assim chamado Primeiro Mundo, na Europa e nos Estados Unidos, os jornais continuam circulando e cada vez mais adotam estratégias para aumentar sua identidade regional.

Sem abdicarem de versões digitais, suas operações de jornal impresso continuam. É essa tradição que fortalece suas marcas e sustenta a credibilidade. É a vocação regional do jornal que o faz manter vínculos estreitos com a comunidade a que serve. E será com os recursos da interatividade da internet que poderá aprofundar ainda mais seus laços comunitários. Sendo cada vez mais transparente para reforçar cada vez mais a credibilidade do que noticia.

(*Márcio Castro é administrador de empresas e jornalista; Diretor Geral da Rede TC de Comunicações e ex-presidente do Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas no Estado do Espírito Santo.)

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