Em 1991, o jornal Tribunal do Cricaré mostrava um crescimento da exploração de petróleo no norte do Estado, em especial em São Mateus, com perspectivas de novas descobertas pela Petrobras. O fato gerou uma série de investimentos da estatal na região, incluindo a construção da Estação Fazenda Alegre, em Jaguaré, e do Terminal Norte Capixaba, na comunidade mateense de Campo Grande.

A Petrobras foi fundamental para a implantação do curso de Engenharia de Petróleo no Ceunes e fez parceria para a instalação de uma Sonda Escola no Senai. Foto: Divulgação

Entretanto, nos últimos anos, a exploração e produção de petróleo na região passou por uma mudança drástica com a saída da Petrobras, que passou os ativos para a iniciativa privada.

Um especialista da área de petróleo ouvido pela Rede TC de Comunicações avalia a situação como um desastre para o norte do Estado, principalmente para São Mateus. Ele entende que um dos impactos imediatos é a redução brutal de investimentos no setor em diversas áreas.

O especialista, que pediu para não ter o nome divulgado, lembra que a Petrobras chegou a ter no norte do Estado cinco sondas de perfuração e nove de produção terrestre. “Evidentemente que, de imediato, causa uma redução significativa na arrecadação de ICMS”, frisa.

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Ele detalha que a arrecadação com royalties de petróleo em São Mateus, “que já é o Município mais prejudicado do Estado”, também é afetada.

O especialista avalia também que, como o preço do barril de petróleo é comercializado internacionalmente a 95 dólares, sendo que já chegou a 30 ou 50 dólares, as empresas que chegaram podem querer explorar os poços com mais rapidez para aproveitar a alta de preço. Contudo, entende que empresas menores, geralmente sem capacidade de investimentos em sísmica, depois que o poço seca, entregam o bloco à Agência Nacional do Petróleo, provocando ainda mais prejuízos para a comunidade regional.

Impacto em parcerias sociais

Para o especialista, outro impacto da saída da Petrobras de São Mateus é em relação às parcerias sociais da estatal na região. Ele recorda que a Petrobras asfaltou 28 quilômetros da estrada do Nativo, reformou o prédio que atualmente funciona como sede do Batalhão da Polícia Militar e fez parceria para uma Sonda Escola no Senai.

Recorda ainda que a presença da Petrobras foi fundamental para a implantação do curso de Engenharia de Petróleo no Ceunes e da própria fundação da Escola Alternativa.

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Para o especialista, para mitigar tanto os impactos econômicos quanto os sociais é necessário que as lideranças regionais coloquem foco em outras atividades potenciais como turismo e setor terciário –comércio e serviço–, além de atrair novas indústrias e dar condições favoráveis para novos negócios para gerar empregos.

DESEMPREGO

Outro aspecto negativo que surge com a venda dos ativos pela Petrobras é a questão social. Nos tempos áureos de exploração e produção, o especialista lembra que a estatal chegou a ter 500 empregos diretos e 2.500 indiretos em São Mateus.

Atualmente acredita que possa ter somente uns 50 diretos e no máximo 200 indiretos. Além disso, os empregos terceirizados sofrem com redução de salários e de benefícios como auxílio alimentação.

Assim, avalia que o impacto se torna ainda maior para o comércio local, que também pode gerar mais perdas de ICMS, que é usado para calcular o Índice de Participação do Município (IPM).

Além da transferência de profissionais de São Mateus com a saída de uma massa salarial importante, ainda há a retirada da massa intelectual do Município, incluindo pesquisadores e doutores.

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