BEATRIZ VILANOVA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Campeã mundial de Jiu-Jitsu, Kyra Gracie Guimarães vai além das competições ao escolher ensinar mulheres a se defenderem. A carioca de 35 anos mantém uma academia na Barra da Tijuca (Rio de Janeiro) com mais de 300 alunos, e ainda oferece um curso online de defesa pessoal (via curseria), na intenção de alcançar cada vez mais mulheres, não apenas no campo físico.

“Essa é uma das preocupações e uma das missões do curso de defesa pessoal para mulheres: identificar os sinais de relacionamento abusivo e sair desta relação antes que vínculos como a dependência emocional e financeira se estabeleçam”, afirma a lutadora.

“Depois que isso acontece, tudo fica muito mais difícil. Ciúme excessivo, descontrole quando ingere bebida alcoólica. Existe um ciclo vicioso.”

As aulas à distância exigem da lutadora disciplina, organização e disponibilidade para manter a rotina de forma atrativa. “Não é fácil, mas é possível. Eu e Malvino [Salvador, seu namorado] nos desdobramos para manter o ritmo das aulas, o cuidado de casa, das meninas…”

Em paralelo, Kyra incentiva a denúncia e a criação de ferramentas para que mulheres possam fazê-la em segurança. “Essa necessidade é necessária e urgente! Mas a gente também sabe que é muito difícil para uma mulher se livrar das situações de abuso”, diz.

“Há muitos canais e ONGs que podem ajudar neste acolhimento. Mas o ideal é que essa mulher consiga identificar as situações de risco antes da violência acontecer. É mais fácil desta forma. Há estudos que apontam que as mulheres deixam seus companheiros algumas vezes antes de romper definitivamente um relacionamento abusivo.”

Apesar de dizer que nunca passou por um episódio de violência doméstica, Kyra diz que convive com mulheres violentadas e percebe índices alarmantes.”Mesmo que não tenha um relacionamento abusivo, a mulher pode ser atacada por um motorista de aplicativo, na balada, em transporte público, escola ou trabalho”, diz ela.

Kyra divide a atenção entre o trabalho e a família, com quem passa a quarentena, em casa.

A lutadora afirma que está “tentando desacelerar para dar cuidado e atenção às nossas filhas”, e que ela e Malvino estão se reinventando para manter a rotina.

“Sou muito disciplinada. O esporte me trouxe isso. Se tenho que ficar em casa, vou me organizar para dar conta de tudo o que tenho que fazer. Acho que estou mais produtiva”, avalia. Aos que ainda se sentem ansiosos ou com o sentimento de preguiça, ela indica: “Disciplina e rotina. Ninguém muda do dia para a noite. É difícil mudar hábitos e os hábitos influenciam em tudo nas nossas vidas. Ninguém consegue mudar alimentação, se exercitar com frequência, regularizar o sono… nada disso é do dia para a noite. Persistir na rotina. Faltou um dia? Recomece.”

Apesar de estar passando por uma gravidez não planejada, ela se sente tranquila porque “já sabe como funciona o roteiro” -a lutadora é mãe de Ayra, 5, e Kyara, 3, e agora anseia saber se terá mais uma menina ou um menino. “Ser mãe, para mim, é a melhor sensação do mundo. É como acordar apaixonada todos os dias. E tem que ter muita paciência também”, brinca.

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