E o Verbo Divino se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14).

Este versículo de São João coloca-nos dentro da mística da encarnação. Leva-nos a encontrar aquele que vem, faz-nos contemplar a sua presença e inspira-nos a seguir os seus passos desde Belém até onde a vida necessita de cuidado.

O nascimento do salvador revela a misericórdia de Deus Pai pela humanidade, “Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho. Ele nasceu de uma mulher, submetido à Lei para resgatar aqueles que estavam submetidos à Lei, a fim de que fôssemos adotados como filhos. A prova de que vocês são filhos é o fato de que Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho que clama: Abba, Pai! Portanto, você já não é escravo, mas filho; e se é filho, é também herdeiro por vontade de Deus” (Gal 4,4-7).

O mistério da encarnação que celebramos no Natal é o amor de Deus que redime o ser humano. Todo o Universo se alegra com este amor de Deus e na voz que anunciou aos pastores de Belém, também nós recebemos a grande notícia: “Não tenham medo! Eu anuncio para vocês a Boa Notícia, que será uma grande alegria para todo o povo: hoje, na Cidade de Davi, nasceu para vocês um Salvador que é o Messias, o Senhor” (Lc 2,10-11).

Desde aquele dia esta alegria se espalhou pelo mundo inteiro. Por isso, em todos os tempos nós nos juntamos ao coro dos anjos de Belém para formar o coro dos Bem-aventurados pela redenção e cantar: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por Ele amados” (Lc 2,14).

A vinda de Deus ao mundo marca a história da humanidade e dá um novo rumo à história de cada ser humano. Deus Amor se humaniza e vem morar no meio de nós exatamente para dar à história e à humanidade um novo rumo. É o que celebramos na liturgia da vigília do Natal, na primeira leitura na expressão do profeta Isaías: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz, e uma luz brilhou para os que habitavam um país tenebroso”. O Concílio Vaticano II sintetizou com extrema beleza esta verdade no capítulo 1 da Lumen Gentium: “Jesus Cristo, a Luz dos povos”.

A cada ano temos a alegria de viver e reviver todo este mistério da encarnação do Verbo, o nascimento do Salvador. É uma oportunidade de ir a Belém e, através da fé e da liturgia, peregrinar com José e Maria. E assim fazermos o percurso da salvação para chegarmos à gruta de Belém e lá contemplarmos, na manjedoura, o Deus menino que se fez carne, da cidade do pão, para a nossa salvação.

A riqueza do tempo do Advento nos prepara para atualizarmos no hoje da nossa história a grande festa do amor de Deus. Na encarnação do Verbo Deus nos visita por amor. Nosso povo acolhe este Dom, reunindo-se em famílias, enfeitando as casas e, sobretudo, partilhando com os empobrecidos, para que a casa do pão não seja privilegio de uns, e fome para a grande multidão. O fato de Belém significar padaria, ou casa do pão, é revolucionário por si mesmo e denuncia a situação de tantos empobrecidos naquela época e nos dias de hoje.

Vamos a Belém, vamos com a manjedoura do nosso coração acolher Jesus. O Papa Francisco nos convida a irmos às periferias existenciais e acolher a todos os empobrecidos que esperam que a padaria da solidariedade e do amor se abra para fazer justiça aos preferidos de Deus. E, deste modo, fazer acontecer entre nós um mundo mais fraterno e humano.

Por
Deucy Corrêa – Pároco Paróquia de Santa Cruz

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