A mateense Samile Oliveira, que reside em Portugal há quatro anos, fez um desabafo na semana passada. Ela relatou que vem enfrentando dificuldades quando o assunto é saúde. “Quero voltar ao Brasil para ser atendida pelo SUS”, afirmou.

Em entrevista à Rede TC de Comunicações, a mãe de primeira viagem diz se sentir desamparada pela saúde pública e privada portuguesa desde a gestação. “Quando estava grávida, para conseguir atendimento no posto de saúde, precisava ir aos choros e mesmo assim era recebida com ignorância”, relata.

“Aqui tem um protocolo nos atendimentos às gestantes. Os profissionais da saúde têm que perguntar se há interesse ou desejo em abortar. Chegava para receber atendimento e recebia críticas porque a minha gravidez não foi planejada, então eu estava um pouco assustada. Não existe acompanhamento como no Brasil. Me sentia desamparada” – complementa.

O filho de Samile, Henry, está com sete meses e de acordo com ela foi diagnosticado com dermatite atópica, que segundo especialistas é uma doença crônica e hereditária que causa inflamação da pele. No entanto, na opinião dela, o atendimento médico, quando possível, não tem ajudado na melhora do filho.

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“A única orientação que me dão é para não dar banho na criança. Ele é português, mas mesmo assim não tem atendimento. Não está relacionado por eu ser imigrante. Apesar de existir muita xenofobia e preconceito, os portugueses também estão passando por isso” – frisa.

Samile relata que é casada com o brasileiro Edeslon Henrique, que atualmente trabalha na Espanha, o que torna a rotina dela com o filho Henry ainda mais desafiadora.

 

Longe de casa, Samile afirma que sem suporte familiar “a dificuldade só aumenta”

 

Segundo Samile, amigos portugueses e outros brasileiros também enfrentam dificuldades com atendimentos, tanto na rede pública quanto na privada. “Se eu for hoje e perder o dia todo, caso consiga atendimento, eles vão falar a mesma coisa. Vão dizer que é normal e que é para parar de dar banho. A preocupação é porque ele tem só sete meses. Não tenho suporte aqui, a minha família está toda no Brasil. A dificuldade só aumenta” – detalha.

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Ela relata que gostaria de voltar ao Brasil por vários motivos. Um deles é em relação ao melhor atendimento público na área de saúde. “Essas coisas nunca passei no Brasil, tanto pelo SUS quanto particular”, enfatiza.

“Sofri um acidente de moto aqui, era 11h da manhã. A ambulância veio prestar socorro. No entanto, fiquei no hospital até as 17h sem ser atendida. Se eu tivesse tido uma hemorragia teria morrido. Fiquei deitada em uma maca, sem atendimento e sem comida. Tanto que fugi do hospital porque já estava passando mal de fome, além das dores do acidente” – complementa.

Em relação ao problema de pele do filho, Samile relata que faz o que pode. “Estou dando banho nele com um óleo específico que encontrei através da dica de outros brasileiros. Faço o que posso, pesquiso e é o que tem me ajudado. Mas médico, nada” – reforça.

Samile afirma que o motivo do desabafo é para mostrar para as pessoas que o exterior “não é o paraíso como as pessoas imaginam”. Segundo ela, há tantas ou mais dificuldades que as encontradas no Brasil. E com um agravante: “você está longe de casa, da sua família, das pessoas que te amam”. A mateense relata ainda que voltar ao Brasil somente pelo atendimento médico custaria muito caro. “Só de passagens seriam quase 20 mil reais”.

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Foto do destaque: Divulgação

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