RICARDO DELLA COLETTA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) atribuiu as críticas ao aumento do desmatamento no Brasil a uma “guerra da informação” e declarou que o assunto “não é esse trauma todo”. Ele disse, durante uma live nesta quinta-feira (16), que não pretende demitir o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, alvo de críticas por conduzir uma política vista por ambientalistas no Brasil e no exterior como leniente com delitos ambientais.

“Essa guerra de informação não é fácil, nós temos problemas. Por quê? O Brasil é uma potência no agronegócio. Na Europa, lá é uma seita ambiental, eles não preservaram nada do meio ambiente, praticamente nada e quase não se houve falar em reflorestamento. E o tempo todo atiram em cima de nós de forma injusta. Por quê? É uma briga comercial também”, declarou Bolsonaro, em sua live semanal transmitida nas redes sociais.

“Não é esse trauma todo, essa celeuma toda que fazem contra o Brasil nessa questão”, disse.

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O presidente cumpre isolamento no Palácio da Alvorada desde que foi diagnosticado com o coronavírus.

Ao tratar do meio ambiente –área em que o Brasil sofre forte pressão internacional e ameaça de fuga de investimentos–, Bolsonaro apresentou dados sobre os alertas de calor usados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para medir queimadas nos estados da Amazônia Legal.

Segundo o presidente, 90% dos alertas ocorrem em áreas já desmatadas, para limpeza do terreno, prática difícil de ser totalmente coibida.

A retórica anti-ambientalista de Bolsonaro, a onda de queimadas na Amazônia no ano passado e os próprios números do Inpe motivam as críticas contra o governo na área. A preocupação com os danos de imagem sofridos pelo Brasil levaram o vice-presidente Hamilton Mourão, que lidera o Conselho da Amazônia, a realizar uma videoconferência com representantes de fundos de investimento da Europa e do Japão. Ouviu que os estrangeiros esperam que o Brasil reduza seus índices de desmatamento.

Segundo dados do instituto, o desmatamento na Amazônia voltou a crescer no mês de maio, completando 13 meses consecutivos de aumento em relação aos mesmos meses do ano anterior.

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Para se defender das críticas, Bolsonaro citou nesta quinta que existe na legislação brasileira a chamada reserva legal, que exige a manutenção de uma área de vegetação nativa, e também se queixou com a perda de validade da MP (Medida Provisória) 910 no Congresso Nacional.

O texto da medida ampliava em 300% as terras sujeitas à regularização –um salto de 19,6 milhões de hectares para até 65 milhões de hectares. Também estendia o prazo limite de ocupação para que terras pudessem ser regularizadas até o final 2011, o que aumentou as resistências à medida no Congresso.

A Medida Provisória foi apelidada de MP da grilagem e teve oposição tanto de partidos de centro como de oposição. Ela foi substituída por um projeto de lei.

“A MP caducou porque a esquerda ainda tem uma força muito grande no Parlamento”, queixou-se Bolsonaro, que responsabilizou ainda o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pelo texto do Executivo não ter avançado.

“Nós somos o tempo todo acusados injustamente de maltratar o meio ambiente do Brasil”, acrescentou o presidente.

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Num momento confuso, Bolsonaro disse que estava previsto a assinatura de um decreto que proíbe queimadas no Brasil pelos próximos quatro meses. Apesar de dizer que o ato normativo ainda não foi assinado, o texto está publicado no Diário Oficial da União desta quinta.

Bolsonaro defendeu o trabalho de Salles à frente do Meio Ambiente e também investiu contra pessoas que chefiaram a pasta em anos anteriores, chamando de “xiitas ambientais” os ex-ministros Marina Silva, Sarney Filho e Carlos Minc.

O presidente endossou a fala de Salles na reunião ministerial de 22 de abril, em que o ministro disse que era preciso aproveitar a atenção da imprensa na crise do coronavírus para e ir “passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”.
“Ricardo Salles fica a não ser que ele queira sair”, declarou o presidente.

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