LUCAS BOMBANA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em uma sessão marcada pela maior aversão ao risco por parte dos investidores, receosos com a possibilidade de aprovação da PEC Kamizake e com o quadro fiscal, a Bolsa de Valores brasileira, a B3, mantém a tendência de baixa observada na véspera.

Por volta do meio-dia, o Ibovespa, principal índice de ações do mercado local, operava em queda de 0,46%, cotado aos 111.479 pontos.
No mesmo horário, o dólar registrava ganhos de 0,34% frente ao real, negociado a R$ 5,2700 para venda, após ter fechado no pregão anterior em forte queda e no menor nível em quase cinco meses.

Agentes do mercado apontam as preocupações relativas ao encaminhamento da PEC que busca desonerar os combustíveis como principal ponto de atenção nesta terça, que contou ainda com a divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária) pela manhã.

Foto: freepik.com

“Em Brasília, a PEC Kamikaze segue gerando desconforto entre os investidores, com Paulo Guedes passando a se referir à medida como uma ‘bomba fiscal’, em que o governo pode renunciar a um valor de até R$ 110 bilhões em arrecadação”, aponta a equipe de análise da Guide Investimentos, em relatório.

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Caio Megale, economista-chefe da XP, diz que a ata do Copom do BC (Banco Central) trouxe um tom visto como mais inclinado à manutenção do ciclo de aperto monetário, devido aos riscos fiscais no cenário.

“O Banco Central parece reconhecer o potencial impacto negativo de iniciativas relacionadas a isenções fiscais, como as relativas aos preços dos combustíveis”, diz Megale.
Após a divulgação da ata de tom considerado mais duro pelos investidores, o BofA (Bank of America) revisou de 11,25% para 12,25% sua projeção para a taxa Selic no final do ciclo, em maio deste ano.

“A ata da última reunião tem uma mensagem mais agressiva do que o comunicado divulgado junto com a decisão. O BC afirmou que a desaceleração do ritmo de alta é o caminho mais adequado para alcançar a convergência da inflação para a meta e reancorar as expectativas, mas deu a entender que haverá mais ajustes à frente, em vez de um final em março como esperávamos”, dizem os analistas do BofA.

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No mercado de juros futuros, as taxas operavam em forte alta na esteira da ata. Os contratos para janeiro de 2024 avançavam de 11,37% na véspera para 11,51%, enquanto os papéis com vencimento em 2027 passavam de 11,11% para 11,18%.

Além das preocupações no cenário doméstico, os preços das commodities em queda nesta terça em escala global arrastam junto papéis com peso relevante na B3.

As ações preferenciais da Petrobras, por exemplo, recuavam 1,49%, e as ordinárias tinham desvalorização de 1,83%, na esteira da queda de 1,78% do preço do barril do tipo Brent, referência mundial. Apesar do ajuste recente, a commodity segue nos níveis mais altos de preços desde meados de 2014.

Os analistas da Guide assinalaram que o mercado deve seguir monitorando ao longo do dia as movimentações dos líderes de Estados Unidos, França, Alemanha, Ucrânia e Rússia, em busca de um desfecho diplomático frente à mobilização de tropas russas nas fronteiras com o país do Leste Europeu.

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Nos Estados Unidos, as principais Bolsas iniciaram a sessão nesta terça sem tendência definida e próximas da estabilidade. O S&P 500 recuava 0,01% por volta das 11h50, enquanto o Nasdaq cedia 0,18%. Já o Dow Jones avançava 0,23%.

Pietra Guerra, especialista de ações da Clear Corretora, acrescenta que a redução da liquidez global nos mercados também é um ponto que segue no radar dos investidores internacionais.

“Na Europa, o destaque foi a fala da presidente do BCE (Banco Central Europeu), Christine Lagarde, que discursou nesta segunda e reforçou que o BC estaria aberto para encerrar as compras de ativos e aumentar a taxa de juros antes do final do ano. Isso como resposta para esse aumento global da inflação que a gente já vem acompanhando”, afirma a especialista da Clear.

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