Com 39 anos de história, 29 prêmios da Estrela 4 rodas, diversas participações em programas de televisão estaduais e nacionais, e um nome que nos remete ao sabor da culinária capixaba, o Pirão. Hercílio Alves da Silva Filho, mais conhecido pela alcunha de Pirão, é hoje o ex-dono do Restaurante que se tornou, ao longo dos anos, referência da comida típica do Espírito Santo.
Desde sua fundação recebeu turistas, celebridades, artistas e políticos de todo país e do mundo, que vinham ao nosso estado e faziam questão de provar da culinária capixaba.
O restaurante Pirão foi fundado por Hercílio em 1982, o endereço é o mesmo desde seu estabelecimento, e não foi construído do dia para noite. Pirão conta, de forma saudosista, que foi na base de muita luta, de altos e baixos, até chegar à fama que possui hoje.
“Comecei a trabalhar com peixe com o meu pai, tinha uns nove anos. Depois passei a trabalhar no restaurante com meu cunhado, era garçom e “faz tudo” do espaço. Ia de ônibus cuidar da cozinha, comprar o peixe. Por conta do respeito que meu pai tinha, conseguia adquirir o peixe do almoço, vender, e conseguir dinheiro para comprar o da janta. Depois de uns anos, comprei o restaurante do meu cunhado, paguei, e transformei no Pirão que é conhecido hoje”. Declarou.
Há dois anos, Pirão passou por problemas de saúde e para manter o espaço funcionando transferiu para o seu filho o direito de usufruto. Sua venda só seria possível se tivesse a assinatura do Pirão, por isso a surpresa ao descobrir que seu restaurante, parte da sua identidade, tinha sido vendido pelos jornais.
“Tinha sido avisado por um empresário que os artistas da banda “Barões da Pisadinha” estavam no estado e queriam ir ao restaurante e se poderia recebê-los. Foi quando a matéria saiu. Cheguei e fui direto falar com meu filho, que negou a venda dizendo que ainda estavam em negociação. Foi a última vez que falei com ele”. Disse.
Hoje, a disputa pelo nome “Pirão” está nas mãos dos advogados. Magoado, Pirão busca recuperar parte da sua história. “Não existe restaurante Pirão, sem o Pirão.” Essas palavras ecoam constantemente das ligações recebidas dos amigos, grande parte deles da famosa mesa diretora, como ficou conhecido o espaço externo do restaurante.
Acordo
A venda do Restaurante Pirão foi descoberta por Hercílio pela mídia, quando amigos/clientes próximos ligaram insistentemente para saber o motivo. “Li a matéria e levei um susto. Nem o nome verdadeiro do meu filho foi usado, ele não tem meu sobrenome e sim o sobrenome do avô russo. Até isso soou estranho. Ele nunca me falou da venda, o que sei, sei pela mídia”
No acordo foi definido que o ex-dono do Pirão receberia uma ajuda de custo por mês, seu plano de saúde seria pago, além de refeições em seu antigo restaurante. Nada disso está sendo cumprido à risca.
A doação feita ao filho proibia a venda sem a autorização do Pirão. O processo já está na justiça pedindo a recuperação do nome/marca do “Pirão”, pagamento das dívidas que ficaram para trás, além de ter todos os bens garantidos. “Nunca me imaginei numa situação como a que estou passando, ainda mais vindo do meu único filho.” Finalizou.
ATUALIZAÇÃO
Enquanto a matéria vinha sendo divulgada, a Justiça deu ganho de causa sobre a marca. Segue abaixo a decisão:
Presentes os requisitos para a concessão da tutela de evidência pleiteada pelo requerente, razão pela qual determino:
a.1.) que os réus se abstenham do uso e cessem a utilização do pseudônimo e da imagem do autor em todos os ambientes digitais (sites, redes sociais etc.) e em todos os meios físicos (caricaturas, estátuas, aventais, papéis de mesa, pratos, guardanapos, fotografias etc.), sob pena de multa diária no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), nos termos dos arts. 139, IV, 497, 536, § 1o, 537 e do CPC;
a.2.) que os réus removam a estátua e as fotografias de Pirão do estabelecimento comercial, entregando-as no domicílio do autor, sob pena de multa diária no valor de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), nos termos dos arts. 139, IV, 497 e 536, § 1o, 537, do CPC.
Foto do destaque: Divulgação
