Se o preço está aquém do desejado, a produtividade cresce e São Mateus é o quarto maior produtor de café conilon (Canephora) do Espírito Santo, atrás de Linhares (3° no País), Rio Bananal e Jaguaré. Em 2018, a safra cafeeira de São Mateus chegou a 30.696 toneladas, o equivalente a 511.600 sacas piladas de 60 kg, conforme o apurado pelo IBGE. E abrindo novos mercados, a Cooperativa dos Produtores Agropecuários da Bacia do Cricaré (Coopbac) iniciou este ano o processo de exportação direta de café. “Já conseguimos fazer duas exportações e tem mais uma prestes a acontecer”, disse o presidente Erasmo Negris.

Ele pondera que o mercado de café já está muito consolidado. “Não é fácil de entrar nesse mercado internacional. Como já temos uma experiência com a exportação da pimenta-do-reino, aparecem negócios para exportação de café e estamos desenvolvendo esse mercado aí”.

No mercado interno, Erasmo considera que São Mateus precisa recuperar uma defasagem em relação aos outros municípios. “Hoje existe uma demanda tremenda para café de peneira alta, de grão maior. Um grão de peneira 15 acima tem muito demanda” – explica. De acordo com ele, o café selecionado antes da secagem, chamado de cereja, que pode ser seco diretamente na casca ou despolpado, também está muito requisitado no mercado internacional. “Uma oportunidade desta, em que o Brasil teria que ocupar esta fatia de mercado, e não existe muito produto disponível”.

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O presidente ressalta que a Coopbac desenvolve um trabalho junto aos cooperados para melhorar a qualidade do café, incentivando o plantio de novos clones que produzam grãos maiores. “E também no quesito bebida, que é outra frente em que estamos trabalhando, além da indicação geográfica”.

INVESTIMENTOS
EM DIVULGAÇÃO

“Está faltando uma política pública de divulgação e marketing do nosso potencial agropecuário. São Mateus é o segundo maior município de extensão territorial do Estado. Tem uma diversificação agrícola enorme, com coco, macadâmia, mamão, cacau, pimenta, café, limão, mandioca e muitos outros produtos. Outros municípios trabalham muito esse potencial agrícola, tanto na questão do turismo rural, quanto na divulgação e nas políticas que as secretarias de Agricultura têm. Jogada de marketing muito forte. São Mateus está mais para pata do que galinha na hora que bota os ovos” – disse o presidente da Coopbac.

Sobre café conilon, ele entende que o Município deveria ter melhor reconhecimento do que o 4° lugar na produção estadual. “São Mateus tem muitas divisas e não se toma conta. Tem produção nossa que sai para São Gabriel da Palha, para Vila Valério, para Jaguaré, para Nova Venécia, para Boa Esperança, e contabiliza lá. Tem produtor com ficha de produção de outro município. Tem que fazer um trabalho de recompor nossas divisas, fazer um trabalho junto com o produtor para guiar dentro do Município”.

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Município tem lavouras de café
produzindo 150 sacas por hectare

“Pelos dados oficiais do Incaper, a produtividade de café no Estado é em torno de 40 sacas. Em São Mateus, temos produtores que já estão colhendo até 150 sacas por hectares. Normalmente um café básico dá de 60 a 80 sacas. Já tem muitos produtores com 80 a 100 sacas. E alguns detonando aí, em torno de R$ 150 sacas por hectare. Isso se deve a novas tecnologias de manejo e a novos clones bastante produtivos” – afirma Erasmo Negris, presidente da Coopbac.

A cooperativa mantém parceria com viveirista. “Conseguimos estacas com o Incaper, e ele está desenvolvendo jardim clonal para a gente poder ofertar esses novos clones, resistentes à seca e que produzem entre 100 e 120 sacas por hectares. São clones que dão bebida, atingindo 80 pontos na xícara, que é a nova onda do café”.

Erasmo afirma que café a R$ 260 a saca de 60 kg está muito próximo do custo. “Mas tem produtores vendendo café a R$ 350 e até R$ 370 e é conilon, viu. O que eles estão fazendo? Café com peneira graúda, café cereja, café secado de forma diferente. Com um pouquinho mais de capricho, da porteira pra dentro, conseguiremos dar a volta e ter uma rentabilidade maior”.

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