ALEXA SALOMÃO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Atualmente, a produção de biogás no Brasil pode ser qualificada como marginal. O país gera 4,4% de sua capacidade. São 934 usinas produzindo anualmente 3,5 bilhões m3 (metros cúbicos). Se estivesse utilizando a sua real capacidade, que chega a 78 bilhões de m3, seria possível gerar 798 mil empregos e retirar da atmosfera 642 milhões de toneladas de gases de efeito estufa.

O balanço do potencial do setor consta da primeira pesquisa que busca correlacionar redução de emissões e criação de postos de trabalho nessa cadeia de produção, que foi divulgada nesta terça-feira (14) durante o 10º Fórum do Biogás, na capital paulista.

O levantamento mostra que setor de biogás pode avançar em todas as regiões do Brasil, com destaque para Sudeste e Sul, onde se concentram segmentos do agronegócio que geram insumos para o biogás –respectivamente, cana-de-açúcar, suinocultura e avicultura. Entre os estados que se destacam estão São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.

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O levantamento faz parte das ações do projeto GEF Biogás Brasil, iniciativa que fomenta a produção de biogás na agroindústria brasileira, associada à criação de animais e culturas como mandioca e cana, bem como no manejo de resíduos sólidos, com destaque para lixões.

O GEF Biogás Brasil é fruto de uma grande parceria. É liderado MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), implementado pela Unido (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial), financiado pelo GEF (Fundo Global para o Meio Ambiente) e conta com o CIBiogás como principal entidade executora.

O ponto de partida da produção de biogás é dar uma destinação para restos orgânicos que elevam a contaminação ambiental quando não têm um tratamento adequado. Ao mesmo tempo, busca contribuir com a geração de energia alternativa a fontes fósseis.

Ao ser purificado, o biogás se transforma em biometano, que tem as mesmas características do gás natural extraído pela indústria do petróleo. Pode ser utilizado como substituto para abastecimento de veículos, residências e geração de energia elétrica a partir de térmicas.

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Os dois são quimicamente idênticos e podem inclusive ser misturados nos gasodutos, mas têm uma grande diferença no que se refere a emissões. Considerando toda a cadeia de produção, o mesmo volume de biogás emite 90% menos que o gás natural.

“A proposta do estudo é auxiliar os gestores públicos na tomada de decisão nessa área, tão sensível no atual ambiente de mudanças climáticas”, diz Tiago Quintela Giuliani, especialistas em políticas nacionais do projeto GEF e consultor da Unido, que conduziu a pesquisa.

Giuliani explica que o cálculo de redução de emissões levou em consideração o efeito em caso de substituição do diesel de caminhões e ônibus pelo biogás. Já existem várias experiências do gênero. Entre as empresas que atuam nessa troca está a fabricante de veículos Scania.

O pesquisador conta ainda que o ponto de partida do levantamento foi o trabalho de incentivo ao biogás no Sul do Brasil. A partir do acompanhamento das unidades produtoras daquela região, foi identificado que cada milhão de metro cúbico de capacidade instalada de biogás gera 11,5 postos de trabalho.

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Numa comparação por outra métrica, joules, foi possível identificar que o biogás está entre os segmentos do setor de energia que mais gera empregos.

Cada 20 joules de capacidade instalada levam à criação de 2 vagas no setor de petróleo, 4 nas eólicas, 24 nas hidrelétricas e 35 na produção solar.

Na média, na região Sul, a pesquisa identificou que foram geradas 29,6 vagas nas usinas de biogás. Foram 44,2 em Santa Catarina, 43,8 no Paraná e 21,8 no Rio Grande do Sul –o que puxou a média para baixo e mostrou como o potencial varia de acordo com a realidade de cada produtor.

A repórter viajou a convite de ABiogás (Associação Brasileira de Biogás), Inter Press Service e Amplum Biogás.

Foto do destaque: Reprodução

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