“Importante dizer que a educação brasileira continua sendo uma educação marcadamente eurocêntrica e o racismo ainda ocupa espaço importante nos processos escolares”. A declaração é do professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Gustavo Forde, que lançou o livro Vozes negras na história da educação: racismo, educação e movimento negro no Espírito Santo (1978-2002). A obra foi lançada nesta terça-feira (28), no auditório do Saae, numa programação com minicurso para educadores e outros interessados.

O professor Gustavo Forde lançou nesta terça-feira (28), em São Mateus, o livro Vozes negras na história da educação: racismo, educação e movimento negro no Espírito Santo (1978-2002). Foto: Ademilson Viana/TC Digital

Gustavo salienta que o livro é fruto da pesquisa de doutorado dele na Ufes, no âmbito do Núcleo Capixaba de Pesquisa em História da Educação, compreendendo a constituição da história da educação no Espírito Santo a partir da população negra e movimentos sociais. Em quatro capítulos, a obra tem questões motivadoras e investigadoras, retratando como a escola capixaba sofreu mudanças profundas, em boa parte, a partir de agenda implementada pela população negra. A pesquisa tem análise de 1978 até 2002, com elementos desde os anos de 1930, espaço geográfico na Grande Vitória e diálogos tangenciais em outros municípios.

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Antes do lançamento do livro, o professor Gustavo Forde ministrou um minicurso para professores e outros interessados de São Mateus, Jaguaré, Pinheiros, Conceição da Barra, Montanha e Boa Esperança. Foto: Ademilson Viana/TC Digital

Em relação ao entendimento sobre o racismo nos processos escolares, Gustavo Forde disse que o fato é observado quando se pesquisa os materiais didáticos, os currículos das instituições de ensino e as práticas pedagógicas. “Nós percebemos uma certa prática que produz uma invisibilização dos africanos e dos afro-brasileiros, não sendo apresentados de maneira positiva na constituição da história do Brasil”, avalia.


O professor ressalva que desde 2003 existe uma legislação que torna obrigatório o ensino da história da cultura africana e afro-brasileira em estabelecimentos oficiais de ensino. “Hoje percebemos um conjunto de mudanças, inclusive este evento em São Mateus, realizado em parceria de Ufes, Ceunes, Ifes de São Mateus e Secretaria Municipal de Educação. Demonstra um conjunto de esforços institucionais e sociais para que possamos transformar a educação brasileira e promover uma educação livre de etnocentrismo e de racismo” – sustenta.
O minicurso teve a participação de professores e de outros interessados de São Mateus, Jaguaré, Pinheiros, Conceição da Barra, Montanha e Boa Esperança.


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