Na família, eram sete rapazes e cinco moças, além da mãe Maria da Cunha Fundão e do pai Inácio Fundão. Aos 85 anos de idade, Gleuza Fundão Rios recorda momentos muito felizes, e outros de mais dificuldades, vividos em mais de oito décadas na quatrocentona Rainha do Cricaré, cidade que chega neste sábado aos 475 anos de colonização. “A nossa vida foi sempre lutando”, diz. O sorriso aparece fácil quando esta ariana, nascida em 12 de abril, fala dos inesquecíveis carnavais –as incontáveis fotos estão expostas nas paredes da casa– e dos feitos do marido Humberto Conde Rios.

Gleuza perdeu recentemente a irmã Iosana Fundão Azevedo, companheira de muitas aventuras até pouco tempo atrás, mas a memória anda aguçada para lembrar-se do amplo legado da mana mais nova. Recorda inclusive que, na eleição em que dois irmãos Fundão –Mateus e Iosana– foram eleitos, em 1982, os homens da família votaram em Teteu e as mulheres, claro, na representante feminina.

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Gleuza casou aos 19 anos com Humberto Conde Rios.

Os estudos na extinta Escola Amâncio Pereira seguem vivos na mente, e também das boas amizades de outrora. Os tempos eram outros e, para fazer o curso ginasial, tinha que superar uma seleção em que o examinador era nada menos que um juiz de Direto, “severo, mas muito bacana”. Os estudos pararam por ali mesmo, já que começou a namorar Humberto, que não a deixou mais frequentar a escola.

Com 19 anos estava casada. “Ele tinha muito ciúmes de mim quando começou a namorar. E eu não queria namorá-lo naquela época, pois gostava de outro, né. Mas casei, fui muito feliz com ele, graças a Deus” – revela, com um sorriso de quem vive em paz.

Gleuza lembra que ajudou o marido a conquistar um mandato de vereador nos tempos em que o prefeito era Wilson Gomes, nos anos 1970. Antes, Humberto foi estudar Contabilidade, formou-se em Direito e virou um professor muito querido, “embora estivesse sempre doente, diabético”. Gleuza salienta que Humberto foi eleito logo na primeira eleição como o mais votado para a Câmara Municipal. Mas perdeu a reeleição por apenas um voto.

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Esta octogenária sempre ativa avalia que o maior de todos os prefeitos mateenses foi o saudoso Wilson Gomes, que redesenhou a Cidade, “numa época que não vinha dinheiro para São Mateus e as ruas eram todas estreitinhas”. Gleuza lembra ainda criação do Sindicato Rural e da construção do Centro Recreativo Ouro Negro, com protagonismo do marido Humberto, “entre outros mateenses de valor”.

Gleuza: Paixão pelo Carnaval -Foto: Arquivo de família

TEMPOS DIFÍCEIS E
FASES ANIMADAS

Dos tempos difíceis, Gleuza recorda que o comércio estava concentrado no Porto. “Meu pai tinha açougue lá e também vendia água da Biquinha pelas ruas, com os filhos entregando de porta em porta”. Ela mesma saía para entregar leite na Cidade Alta, correndo para não atrasar a chegada à escola.

“Meu pai morreu com 46 anos. Deixou 12 filhos. Albinha tinha dois meses e Iosana, um ano e seis meses” – recorda Gleuza. Nesses tempos, já com oito anos cozinhava para os irmãos.

Mas houve fases bem animadas também. Gleuza se lembra dos carnavais em clubes, com fantasias sempre deslumbrantes. E revela saudade de outras festas de São Mateus, com a tradicional missa e procissão, baile muito alinhado, exposição agropecuária e desfiles alegóricos.

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