O molusco conhecido como caramujo-gigante-africano, pertencente à espécie Achatina fulica, vêm causando transtornos a produtores na zona rural de São Mateus, principalmente na região dos quilômetros.

Recentemente, o assunto foi abordado pela vereadora Ciety Cerqueira na Câmara de São Mateus. E para aprofundar mais sobre o tema, ela organizou para amanhã um encontro entre autoridades, especialistas e moradores com o objetivo de solucionar os problemas causados pelos caramujos aos produtores rurais.

“Tem região aqui no Município que há mais de três anos lida com isso [caramujos]. Durante o dia, ficam impregnados nos pés de pimenta e de café. À noite, por volta das 20h, saem à procura de novas lavouras. Ninguém consegue produzir uma couve, ter hortaliças. Até cacto eles comem. Além de prejudicar a saúde” – observa Ciety.

Segundo ela, o encontro deve acontecer na Comunidade São Pedro, em Nestor Gomes, a partir das 9h30. A previsão é que o evento tenha duração de duas horas. A programação conta com palestras, visita a lavouras e debates em busca de soluções para sanar o problema.

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Ciety afirma ainda que o encontro só será possível graças à parceria com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), e a Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento.

“Teremos a presença de um representante do Governo. Toninho, diretor do Incaper e representantes da Seag. Henrique Follador, secretário de Saúde de São Mateus, e José Carlos Cosme, secretário de Agricultura. Além da presença de representantes dos escritórios locais do Incaper de São Mateus, Jaguaré e Nova Venécia e moradores das mais de trinta comunidades convidadas”.

Para Ciety o encontro é primordial. “A gente precisa de alguma forma tentar acabar com essa praga”.

 

TRANSMISSOR DE DOENÇAS

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São Mateus – Além de causar problemas para os agricultores mateenses, o caramujo-gigante-africano também é um transmissor de doenças.

Segundo o Ministério da Saúde, além de destruírem plantas, tais moluscos são hospedeiros de duas espécies de vermes capazes de provocar doenças sérias. São elas: Angiostrongylus costaricensis responsável pela angiostrongilose abdominal, doença que provoca perfuração intestinal, de sintomas semelhantes aos da apendicite; e angiostrongylus cantonensis responsável pela angiostrongilíase meningoencefálica, de sintomas variáveis, mas muitas vezes fatal.

Felizmente, não foram registrados casos em que essa doença tenha sido transmitida pelo caramujo-gigante no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Tanto uma quanto outra ocorrem pela ingestão do parasita, seja pelo manuseio dos caramujos, ou ingestão destes animais sem prévio cozimento, ou de alimentos contaminados por seu muco, como hortaliças e verduras.

“Assim, é importante o uso de luvas ou sacolas de plástico ao manipular os caramujos, cozer antes se comer a sua carne, e desinfeccionar itens alimentares, lavando-os e deixando-os de molho de quinze minutos a meia hora, em aproximadamente uma colher de água sanitária para um litro de água” – orienta a pasta.

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ORIGEM

O caramujo-gigante-africano, como o nome já diz, é um molusco oriundo da África. Pode pesar 200 gramas e medir cerca de 10 centímetros de comprimento e 20 centímetros de altura. Sua concha é escura, com manchas claras, alongada e cônica. Além disso, sua borda é cortante. Foi introduzido ilegalmente no País na década de 80, no Paraná, com o intuito de substituir o escargot, uma vez que sua massa é maior que a destes animais.

Levado para outras regiões do Brasil, tal espécie acabou não sendo bem-aceita entre os consumidores, e também proibida pelo Ibama, fazendo com que muitos donos de criadouros, displicentemente, liberassem seus representantes na natureza, sem tomar as devidas providências.

Sem predadores naturais, tal fator, aliado à resistência e excelente capacidade de procriação desse animal, permitiram com que esse caramujo se adaptasse bem a diversos ambientes, sendo hoje encontrado em 23 estados. Só para se ter uma ideia, em um único ano, o mesmo indivíduo é capaz de dar origem a aproximadamente 300 crias.
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Fonte: Ministério da Saúde.

 

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