SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar caía frente ao real nas primeiras negociações desta quinta-feira (29) após abrir em alta, em pregão que deve ser afetado pela proximidade da formação da taxa Ptax do mês, que serve de referência para liquidação de derivativos.

Às 9h14 (horário de Brasília), o dólar à vista BRBY caía 0,1%, a R$ 5,2520 na venda.
A Ptax é calculada ao fim de cada mês pelo Banco Central e agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar, o que geralmente eleva a volatilidade.

Na quarta-feira (28), o penúltimo dia de negócios no mercado financeiro apresentou forte recuperação da Bolsa de Valores brasileira após duas sessões em queda, enquanto o dólar e os juros futuros recuaram. Posicionamentos do futuro governo deram um viés positivo à sessão, superando um dia de volatilidade no exterior.

O dólar comercial à vista fechou o pregão com queda de 0,64%, cotado a R$ 5,2520 na venda. No acumulado deste ano, a moeda americana registrava desvalorização de 5,8% contra o real.

O índice referência da Bolsa, o Ibovespa, subiu 1,53%, aos 110.236 pontos, levando o indicador a apagar as perdas desta semana e a se encaminhar para um fechamento de 2022 positivo em aproximadamente 5%.

Investidores negociaram nesta quarta sob a expectativa de alívio para a contas públicas após o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), ter solicitado na véspera, por decisão do presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que o governo Jair Bolsonaro (PL) não prorrogue a desoneração de tributos federais sobre combustíveis.

Haddad ainda disse em entrevista à jornalista Míriam Leitão, publicada nesta tarde em O Globo, que iniciará sua gestão arrumando a casa e revendo benesses criadas por Bolsonaro em sua tentativa de reeleição. Após a divulgação das declarações do futuro ministro a alta do Ibovespa ganhou aproximadamente meio ponto percentual.

Foto: Agência Brasil

Na prática, o mercado vê com bons olhos a possibilidade de aumento das receitas e uma postura considerada um pouco mais conservadora da futura gestão, o que diminui temores quanto a eventuais dificuldades para o pagamento da dívida pública.

Étore Sanchez, economista da Ativa Investimentos, calculou que o restabelecimento dos tributos elevaria a sua estimativa de inflação para o ano que vem de 5,1% para 6%, mas resultaria em queda de 3,5% para 3,4% nos anos de 2024 e de 2025.

Para o estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, apesar do impacto na inflação, o retorno da tributação evitará uma perda de receita com impacto de R$ 50 bilhões no primeiro ano do governo de Lula.

“Não quer dizer que as isenções não serão retomadas, mas, por enquanto, começa 2023 com os tributos de volta. Isso tem um impacto inflacionário, é verdade, porém, o risco fiscal diminui consideravelmente com essa arrecadação a mais ou normalizada para o próximo ano”, afirmou.

Setores da Bolsa que dependem mais de um cenário de estabilidade econômica tiveram um dia positivo, como o bancário e o varejista.

“A queda nos juros futuros ajudou a impulsionar o setor de consumo cíclico, que foi destaque de alta no dia. O alívio maior com o risco político também impulsionou a retomada da alta para o setor financeiro, outro destaque da sessão”, comentou Bruna Sene, analista de investimentos da Nova Futura.

O exterior negativo impediu que o dia fosse ainda melhor no mercado brasileiro, sobretudo devido ao impacto nas ações da Vale, que recuaram 0,22% com investidores pesando a perspectiva de aumento da demanda por minério de ferro na China, que vem reduzindo as restrições contra a Covid, mas também temendo que o avanço da crise sanitária no país possa trazer consequências negativas.

Assim, as notícias sobre a Covid na China, que eram usadas para justificar um otimismo, passaram a explicar o pessimismo quanto ao Oriente, disse Sanchez, da Ativa.
O mercado de ações de Nova York fechou em queda, em uma sessão marcada pela volatilidade. O índice de referência S&P 500 perdeu 1,20%. Também caíram Dow Jones (-1,10%) e Nasdaq (-1,35%).

Analistas da Bolsa nova-iorquina destacaram que a reabertura da China trouxe preocupações quanto ao aumento repentino da demanda no país, o que pode resultar em mais inflação para todo o mundo e em novas altas nos juros de referência do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos).

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