LUCAS BOMBANA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar opera em forte queda frente ao real no pregão desta quarta-feira (7), após dados sobre a economia chinesa reforçarem a percepção dos agentes financeiros sobre uma alta menos intensa dos juros nos Estados Unidos.

Por volta das 13h40, a moeda americana oscilava em baixa de 0,75%, negociada a 5,2290 para venda.

Já a Bolsa de Valores brasileira recuava, com o foco dos investidores voltado para as negociações em torno da PEC da Transição em Brasília, bem como para a última reunião do ano do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central).

O índice acionário Ibovespa oscilava em queda de 1,25%, negociado aos 108.815 pontos, puxado para baixo pelas ações da Vale, que cediam cerca de 3,5%.

Nas Bolsas dos Estados Unidos, o dia é de volatilidade elevada, sem uma clara tendência definida -o Dow Jones avançava 0,23%, enquanto o S&P 500 operava perto da estabilidade, em alta de 0,05%. Já o Nasdaq cedia 0,60%.

Diretor da corretora de câmbio Correparti, Jefferson Rugik afirma que a queda do dólar está alinhada à desvalorização da moeda americana frente aos pares desenvolvidos e emergentes nesta quarta. O índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de moedas, recuava 0,50%.

Segundo Rugik, dados mais fracos do que o esperado da economia chinesa ajudam a alimentar nos investidores a expectativa de que o banco central dos Estados Unidos (Federal Reserve) poderá diminuir o ritmo de alta dos juros já a partir do próximo encontro da autoridade monetária, previsto para a semana que vem.

Leia também:   Preços do Etanol sobem em 20 Estados, caem em 5 e ficam estáveis no DF e Amazonas, diz ANP

Uma alta menos intensa do que a inicialmente prevista para os juros americanos, por sua vez, contribui para reduzir as apostas do mercado acerca de um fortalecimento do dólar contra as demais divisas globais.

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Números oficiais divulgados pelo gigante asiático mostrarem que a balança comercial chinesa teve uma forte queda em novembro, acima das previsões dos analistas, e no ritmo mais acentuado em dois anos e meio.

As exportações contraíram 8,7% no mês passado em relação ao mesmo período do ano anterior, no pior desempenho desde fevereiro de 2020. A expectativa de analistas era de um declínio de 3,5%.

A demanda fraca, tanto no país como também entre os pares comerciais, os problemas de produção causados pela política de covid zero e as dificuldades sofridas pelo setor imobiliário contribuíram para os resultados.

O diretor da Correparti acrescenta que a desidratação na PEC (proposta de Emenda à Constituição) da Transição, com valores menores do que o governo eleito vinha sinalizando, também favorece o desempenho do câmbio nesta quarta.

Nesta terça-feira (6), no primeiro teste de articulação do governo eleito, o PT conseguiu aprovar a PEC da Transição -embora com valor menor e tempo mais curto para a apresentação de uma nova regra fiscal.

Leia também:   INSS começa a pagar 13º antecipado a quem recebe acima do mínimo

A proposta aprovada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado amplia o teto de gastos para inclusão do Bolsa Família pelo prazo de dois anos e reduz o impacto fiscal total para R$ 145 bilhões anualmente em 2023 e 2024 -R$ 30 bilhões a menos que o apresentado inicialmente.

O texto foi aprovado na CCJ em votação simbólica, sem contagem de votos, e depende agora do aval de 49 dos 81 senadores no plenário em dois turnos. A sessão está prevista para esta quarta-feira (7).

AÇÕES DA PETROBRAS AVANÇAM APÓS ANÚNCIO DE SAÍDA DO PRESIDENTE DA EMPRESA
Na Bolsa local, as ações da Petrobras operavam em alta, de 1,52% no caso das preferenciais, e de 1,20% das ordinárias, após o anúncio da saída de Caio Paes de Andrade da presidência da empresa para assumir secretaria no novo governo de São Paulo.
Analista da Guide Investimentos, Gabriel Gracia afirma que a saída já era esperada, com a provável troca no comando da petroleira pelo governo eleito.

“A definição do próximo presidente, bem como novos planos de investimentos e políticas de preços, são essenciais para uma avaliação adequada do potencial de retorno para as ações da Petrobras”, diz o analista em relatório.

Já os analistas do JPMorgan avaliam que ainda não é o momento de comprar ações da Petrobras, mesmo após a queda de mais de 20% desde as máximas apuradas em outubro, diante das incertezas sobre o que mudará na petrolífera de controle estatal com o novo governo a partir do próximo ano.

Leia também:   INSS começa a pagar 13º antecipado a quem recebe acima do mínimo

“Nós continuamos acreditando que ainda é muito cedo para comprar a Petrobras”, afirmaram Rodolfo Angele e equipe em relatório enviado a clientes nesta quarta.

“Investidores exigirão mais clareza do novo governo antes que os preços das ações reflitam totalmente os fundamentos. Em nossa opinião, levará pelo menos três a seis meses no novo governo para entendermos melhor a direção que a empresa tomará. Enquanto isso, preferimos ficar de fora da Petrobras.”

A atenção dos investidores também estará voltada nesta quarta para a reunião do Copom do BC.

O BC deve manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano na reunião desta quarta-feira, mas é esperado que a autoridade monetária mande recados para o governo eleito de Luiz Inácio Lula Silva (PT) em relação aos riscos da política fiscal para a inflação.

As discussões em torno da PEC da Transição já levam economistas a avaliar que o BC vai demorar mais para cortar juros em 2023. A taxa pode até subir em um cenário mais extremo, caso a inflação também demore mais a cair.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here