DANIELLE BRANT
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os deputados aprovaram nesta terça projeto que destina R$ 3 bilhões ao pagamento de renda mensal a profissionais da cultura, manutenção de espaços artísticos e para ações que ajudem o setor a enfrentar a crise do coronavírus.

O texto, chamado de lei de emergência cultural, foi aprovado em votação simbólica. Agora, segue para o Senado, antes de ir para sanção ou veto presidencial. Artistas e trabalhadores que atuem na cadeia de produção do setor cultural terão direito a uma renda emergencial de R$ 600 por três meses, valor retroativo a 1º de junho, caso o projeto seja sancionado após essa data.

O modelo segue o do auxílio emergencial a trabalhadores informais já sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro. Artistas e profissionais da cultura tinham sido contemplados numa ampliação do benefício aprovada pelo Congresso, mas o trecho acabou sendo vetado.

A aprovação é resultado de grande pressão da classe artística, que apelou ao Congresso para driblar a inação da Secretaria Especial da Cultura durante a recém-encerrada gestão da atriz Regina Duarte, que não apresentou medidas emergenciais para socorrer um setor atingido em cheio pelas medidas de distanciamento social do coronavírus.

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Depois de sofrer semanas de fritura com aval do presidente, a atriz deixou o governo e sua pasta continua sem um titular.

A renda emergencial aprovada agora pelos deputados se destina aos profissionais que não foram contemplados pelo auxílio de R$ 60o a informais.

Segundo o texto, se o auxílio emergencial já em vigor for prorrogado, o benefício a trabalhadores de cultura será estendido pelo mesmo prazo.

O projeto também restringe a concessão do auxílio a artistas e profissionais que não tenham emprego formal, não recebam aposentadoria, auxílio-doença, seguro-desemprego ou outro benefício, com exceção do Bolsa Família.

A renda familiar mensal per capita deve ser de até meio salário mínimo ou a familiar não pode ultrapassar três mínimos, o que for maior. Só dois membros da família poderão receber o auxílio. Mães solteiras terão direito a duas cotas.

O projeto prevê ainda subsídios mensais para manutenção de espaços, micro e pequenas empresas do setor cultural, cooperativas, instituições e organizações comunitárias que tiveram as atividades interrompidas por causa das medidas de isolamento social.

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A ajuda terá valor mínimo de R$ 3.000 e máximo de R$ 10 mil. O texto proíbe que o benefício seja dado a espaços culturais vinculados à administração pública de qualquer esfera, assim como a instituições mantidas por empresas.

O subsídio também é vedado a teatros e casas de show com financiamento exclusivo de grupos empresariais e espaços geridos pelo Sistema S.

Como contrapartida, os espaços beneficiados deverão realizar atividades destinadas, prioritariamente, aos alunos de escolas públicas ou em espaços públicos de sua comunidade, gratuitamente.

Segundo o texto, pelo menos 20% do valor – R$ 600 milhões – devem ser aplicados em editais, chamadas públicas, prêmios, compra de bens e serviços para o setor cultural e outros instrumentos voltados à manutenção de agentes, espaços, cursos e produções.

Essa fatia também seria usada para a realização de atividades culturais que possam ser transmitidas online.

Os R$ 3 bilhões deverão ser repassados pela União a estados e municípios até 15 dias depois da publicação da lei. Os recursos devem ser executados preferencialmente por meio de fundos estaduais e municipais. Na ausência do instrumento, poderão ser enviados a órgãos ou entidades responsáveis pela gestão do dinheiro.

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Conforme o critério de distribuição, metade dos R$ 3 bilhões deverão ser repassados a estados e ao Distrito Federal, sendo que 20% do valor seguirão critérios de divisão do Fundo de Participação dos Estados, o FPE, e 80% serão proporcionais à população.

A outra metade será destinada a municípios e ao Distrito Federal. Desse total, 20% seguirão critérios do Fundo de Participação dos Municípios, o FPM, e o restante também será proporcional à população.

O projeto dá 60 dias a municípios, a partir do repasse, para aplicar os recursos em ações emergenciais. Se isso não ocorrer, o valor será revertido ao fundo estadual de cultura.

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