IGOR SIQUEIRA
RIO DE JANEIRO, RJ (UOL-FOLHAPRARESS) – O segundo turno da eleição entre Lula e Bolsonaro ainda está por vir, mas o resultado das urnas em relação à Câmara e ao Senado dá à CBF um vislumbre de como agir politicamente nos próximos anos.

Dois nomes intimamente ligados à entidade atualmente – Marcus Vicente, um dos vice-presidentes, e Marcelo Aro, diretor de relações institucionais -não tiveram sucesso na votação de domingo. E isso já reforça uma tendência de mudança do papel deles na CBF.
Vicente tentou se eleger deputado federal pelo Espírito Santo. Recebeu 29.168 votos, mas não ficou com uma das cadeiras na Câmara. Já Marcelo Aro foi apenas o terceiro mais votado para o Senado em Minas Gerais (19,7% dos votos) e perdeu a disputa.

Como tem mandato na CBF e foi eleito na chapa do presidente Ednaldo Rodrigues, Marcus Vicente não deixará por completo o cotidiano da entidade. Mas Marcelo Aro está sob risco, pensando em 2023. Ednaldo não pretende fazer mudanças na diretoria ocupada pelo político mineiro ainda em 2022, já que Aro tem que concluir o mandato de deputado até 31 de dezembro. Só que o presidente da CBF se mostra inclinado a alterar a forma de articulação em Brasília.

Na política da bola, Aro faz parte de uma tríade composta também por Castellar Neto e Adriano Aro. Castellar era vice da CBF na gestão Rogério Caboclo e acabou fora da chapa de Ednaldo porque chegou a flertar com o papel de opositor. Adriano, por sua vez, é irmão de Marcelo e presidente da Federação Mineira.

Os mineiros não compuseram o círculo mais íntimo de Ednaldo na CBF e isso não dá segurança à manutenção de Marcelo Aro como diretor -ele chegou à entidade na gestão Marco Polo Del Nero. Além disso, Ednaldo Rodrigues entende que não é preciso ter alguém fixo em Brasília para articulação em nome dos interesses da CBF, mas reconhece que pode fazer as coisas à distância ou movimentos pontuais.

“O presidente representa melhor do que todo mundo”, disse Ednaldo, falando sobre si mesmo, em conversa com jornalistas quinta-feira (6), na CBF.
As pautas ligadas ao futebol em 2022 tiveram no deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE) um personagem relevante. Reeleito neste ano, ele foi o relator na Câmara da Lei Geral do Esporte e é próximo (inclusive geograficamente) do presidente da Federação Pernambucana, Evandro Carvalho, dirigente que representou a CBF em reuniões sobre o texto. Como o projeto foi alterado pelos deputados, voltou ao Senado.

A chamada “bancada da bola” tem perdido força e representatividade ao longo dos anos em Brasília. Entre os que resistem, Romário terá mais oito anos como senador – foi eleito pelo PL-RJ -, mas a relação com a CBF não é boa. Em 2021, a Lei da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) passou pelo Congresso após ser relatada no Senado por Carlos Portinho (PL-RJ), do mesmo partido do Baixinho.

Na próxima legislatura, a Câmara terá Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo, eleito pelo PSB no Rio. Na CBF, há quem veja uma aproximação a Bandeira como possível gatilho para gerar ruídos com a atual gestão do Flamengo. É que Rodolfo Landim rompeu com Bandeira há anos. Para completar, Marcos Braz, VP de futebol, não se elegeu deputado federal pelo PL.

No tabuleiro, a CBF ainda tem Fernando Sarney como um dos vice-presidentes. Com a ascensão de Ednaldo, ele não tem atuado muito no cotidiano da entidade. Mas o sobrenome já indica uma figura com trâmite nas rodas políticas, não só no Maranhão.

A CBF se considera apartidária e não se mete na disputa entre Lula e Bolsonaro, embora o governo atual tenha dado suporte para trazer a Copa América 2021 para o Brasil, ainda na gestão Rogério Caboclo, que antecedeu Ednaldo.

 

Foto do destaque: Lucas Figueiredo/CBF

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