O produtor rural Arthur Orletti Sanders tem boas expectativas em relação ao plantio de trigo no norte do Estado. Ele afirma que experiência com a nova cultura, em 2021, foi positiva e planeja plantar o grão novamente no Inverno, com maiores investimentos em insumos e tecnologias. “O trigo é a bola da vez. As mudanças no setor vêm ocorrendo muito rápido” – destaca o produtor, pioneiro do cultivo de trigo no Espírito Santo.

Além de procurar aumentar a produção, Arthur ainda incentiva outros produtores da região a investirem no cultivo do trigo. Atualmente, o Brasil não é um grande produtor mundial do cereal, tendo a maior parte do que é consumido comprado do exterior, principalmente na Argentina.

No entanto, a guerra na Ucrânia, que é um dos grandes produtores mundiais, com 25% das exportações de todo o mundo, fez com que a oferta do produto diminuísse nos mercados, provocando assim um aumento no preço do trigo.
Neste caso, produtores já veem no plantio do trigo uma nova fonte econômica e viável para a região, que é grande produtora de café e pimenta-do-reino, com destaque também na fruticultura.

Arthur Orletti ressalta que a primeira safra, no ano passado, teve investimento de baixo custo no plantio. Mas para este ano, a realidade deve ser outra.

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“Temos total interesse em expandir o plantio, porém temos que investir em mais tecnologia para melhorar a rentabilidade do negócio. O problema é que nesse ano está complicado a compra de insumos e equipamentos. Estamos enfrentando uma falta muito grande desses produtos no mercado” – avalia.

Primeira safra teve produção total de 135 toneladas

Pinheiros – Na primeira experiência com o cultivo de trigo, Arthur Orletti obteve uma safra de 135 toneladas do grão nos 50 hectares plantados na fazenda localizada em Pinheiros, no norte do Espírito Santo. A produtividade média foi de 2,4 toneladas por hectare e a colheita encontrou mercado com um retorno de 100% sobre o investimento, segundo detalha o agricultor.

No momento, ele está produzindo milho e soja. A soja, de acordo com Arthur, também é uma novidade na região.

 

“Aqui no norte do Estado trabalhamos em conjunto. Eu e mais quatro ou cinco produtores estamos desbravando a área de grãos. Trocamos muita informação e, com relação ao trigo, tem muita gente interessada, procurando conhecer.

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Principalmente agora com a grande valorização do trigo por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia. Esses países são grandes produtores e o embate praticamente tirou 30% do trigo comercializado no mundo”.

 

MELHORIA GENÉTICA

De acordo com Arthur, a Embrapa desenvolveu variedades de sementes para que o cultivo do trigo seja feito no Serrado Brasileiro, que é a grande zona produtora de grãos no Brasil.

Segundo ele, essas variedades têm boa adaptabilidade em regiões mais baixas, como no norte do Espírito Santo, além de Piauí e Maranhão, no Nordeste.

“A realidade de trigo no Brasil vem mudando muito. Algumas regiões em que não se plantava, passou a plantar, inclusive no oeste baiano” – aponta.

 

NOVAS TECNOLOGIAS

Essa também é a opinião técnica do engenheiro agrônomo Wellington Secundino. Em conversa com a Reportagem, o agrônomo explicou que o avanço do plantio de grãos, como a soja e o trigo, para regiões mais baixas se dá por causa do avanço tecnológico.

“Hoje, diante de melhoramentos genéticos e transgenias, não existem mais fronteiras. Ocorre a adaptação de diversos cultivares em diversos locais. Acredito que é possível sim o norte do Espírito Santo avançar no cultivo de trigo” – opina.

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Guerra inflacionou o preço do trigo

Os preços médios mensais de trigo para os contratos negociados nas bolsas de cereais de Buenos Aires e no Kansas apresentaram uma alta de 4,24% e de em 5,13%, respectivamente quando comparado com janeiro de 2022. As informações são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

De acordo com análise mensal feita pelo órgão e apresentada a semana passada, a situação reflete o cenário de incertezas causado com a atual situação geopolítica mundial, que acende um alerta sobre uma possível menor oferta global do grão.

Apesar de já ter sido contabilizadas altas no mercado internacional em fevereiro, o balanço do mês foi de preços domésticos em estabilidade no Paraná, maior produtor nacional, como mostra a Conab.

“O motivo para isso foi a queda do valor médio do dólar no período. Entretanto, para o mês de março, o produto já apresenta alta de 10% em relação aos preços médios de fevereiro. A tendência de preços elevados para o trigo pode estimular um aumento na área cultivada” – avalia.

Para o superintendente de Inteligência e Gestão da Oferta da Conab, Allan Silveira, “ao se analisar o histórico dos valores de mercado e a área destinada para a cultura, há um indicativo de que os produtores respondem quando os preços estão elevados. No entanto, os custos de produção em alta podem limitar o aumento esperado nas áreas cultivas” – observa.

 

Foto do destaque: Divulgação

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