Sem endereço fixo há dois anos e vivendo da arte que produz, o vendedor itinerante de artesanatos, Kaynã Maldonado, é capixaba –natural de Vitória–, mas é em Guriri que tem uma “base” para seguir com o projeto de vida que escolheu há dois anos: conhecer o País vivendo de arte.
“De todos os lugares que já passei, sozinho ou com a minha esposa, Guriri é o melhor lugar para vendas, muito mais que na Bahia. É um bom lugar para ganhar dinheiro. Aqui é a nossa base. Quando precisamos levantar um valor maior para irmos a outros lugares a gente vem para cá, trabalha e segue” – detalha.
Kaynã conta que chegou ao Balneário na Quarta-feira de Cinzas, logo após o Carnaval. No domingo (26), ele relatou à Reportagem que as vendas mais uma vez estão satisfatórias na Ilha. “Não tem comparação. Já faturei nesses quatro dias um valor muito bom. É sempre bom trabalhar em Guriri. Daqui vou para Itaúnas e depois para a Bahia encontrar a minha esposa. Já estou com saudades. Eu a amo” – declara.
Vida itinerante a dois
Kaynã frisa que conheceu a esposa Bia há três anos no projeto social Amigos do Coral, na praia de Carapebus, na Serra. Na época, ele era instrutor voluntário de surf. Segundo ele, Bia é bióloga e foi conhecer o projeto para se voluntariar. Meses depois, começaram a viajar juntos pelo País produzindo e vendendo peças em palha, aço, pedras e outros materiais.
“Venho de uma geração de Hippies. Meus bisavôs, avós e meus pais seguiam esse estilo de vida. Cansei da vida agitada e rotina da capital. Resolvemos arriscar e está dando certo. A nossa primeira parada há dois anos foi em Guriri e ficamos aqui por duas semanas” – ressalta.
Desde então a vida a dois é compartilhada viajando. De acordo com Kaynã eles já conheceram parte do Nordeste, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e, é claro, o litoral capixaba.
SEGURANÇA
Segundo Kaynã, no começo ele possuía um fusca que servia também para dormir. O fusca foi vendido em Trancoso e a opção para as noites passou a ser as barracas de camping além da hospedagem segura em locais que aceitam trabalho voluntário.
“Me inscrevi em um aplicativo de voluntariado que funciona da seguinte maneira: você paga um valor único e fica com o cadastro válido por 12 meses. Isso vai garantir um local para se hospedar. Por exemplo, em Trancoso, trabalhei em um hotel de forma voluntária preparando tapiocas para o café da manhã, fazia isso quatro horas por dia, depois estava livre para produzir e vender. Em troca tinha onde dormir em segurança” – explica.
Kaynã entende que o aplicativo é uma espécie de carta de apresentação, o que facilita a vida nas ruas. Nas cidades que não tem parceria com o aplicativo o caminho é a barraca ou casa de amigos. “Aqui em Guriri fico na casa da Laíres e da Vitória. Ensinei elas a fazerem as peças e elas já estão vendendo o artesanato aqui em Guriri” – enfatiza.
Ex-atleta e futuro instrumentista
Kaynã tem apenas 25 anos, mas já traz na bagagem muitas histórias, memórias e planos incontáveis para o futuro. Além de ter nascido em uma família de hippies, crescido na capital e decidido mudar totalmente o rumo da vida depois de se formar em Educação Física, ele é ex-atleta com títulos estaduais e nacionais e pretende ser instrumentista no futuro.
“Cresci fazendo atletismo. Já fui campeão estadual em todas as categorias, desde criancinha. Na categoria adulto fui vice-campeão carioca, paulista e campeão mineiro e vice-campeão de atletismo sub-20 em 2016. Para o futuro, quero aprimorar o que sei, me familiarizar com o triângulo e entrar para uma banda de forró” – sonha.
Foto do destaque: TC Digital