No final de semana, após o filho de dois anos e meio manter contato com outras crianças em uma praça, uma moradora de Guriri notou algumas bolhas surgirem nos pés, braços e no rosto da criança. Os sintomas incluíram febre, falta de apetite, dores de cabeça e outros incômodos. Ao levar a criança ao posto de saúde, veio o diagnóstico: síndrome mão-pé-boca (MPB), CID 10: B084.

Para a Reportagem, a moradora disse que ouviu relatos de outras mães afirmando que os filhos delas estariam com o mesmo sintoma. Ela afirmou ainda que uma enfermeira que a atendeu comentou que os casos em Guriri, onde mora, estão mais frequentes nos últimos dias.

No entanto, segundo o enfermeiro da Vigilância Epidemiológica de São Mateus, João Paulo Cola, não há registro, nos últimos anos, de surto da doença no Município. Ele explica que a transmissão da síndrome MPB pode ocorrer dias antes da manifestação dos sintomas. “Por via fecal ou oral, através do contato direto entre as pessoas ou com as fezes, saliva e outras secreções, ou então através de alimentos e de objetos contaminados. Mesmo depois de recuperada, a pessoa pode transmitir o vírus pelas fezes durante aproximadamente quatro semanas” – afirma.

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João detalha que a síndrome é manifestada pelo vírus Coxsackie e pode durar de cinco a sete dias. “O período de incubação oscila entre um e sete dias. É comum acometer crianças até os cinco anos de idade, embora alguns adultos também possam ser contagiados. O nome da doença se deve ao fato de que as lesões aparecem mais comumente em mãos, pés e boca”.

 

João Paulo Cola é enfermeiro da Vigilância Epidemiológica de São Mateus.
Foto: Divulgação

De acordo com João Paulo, a doença mão-pé-boca não é de notificação compulsória. Sendo assim, não é obrigatória a notificação da ocorrência de casos pelas unidades de saúde, por exemplo. No entanto, em caso de surtos, as autoridades sanitárias devem ser avisadas.

“Para se registrar um surto é necessário ter o aumento repentino dos casos em um curto espaço no tempo, com local específico e apresentar vínculo epidemiológico entre os casos” – explica o enfermeiro.

João Paulo orienta os pais e responsáveis pelas crianças a manterem a higiene de uma maneira geral. “Lavar as mãos, os objetos e ter atenção na troca das fraldas. Como é uma doença contagiosa, é recomendado que as crianças não frequentem a escola no período de manifestação dos sintomas”.

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Sesa emitiu nota técnica com orientações frente ao surgimento de surto da doença

 

Vitória – Em novembro do ano passado, a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) emitiu uma nota técnica com orientações às vigilâncias epidemiológicas municipais e demais serviços de saúde para enfrentar um possível surgimento da síndrome mão-pé-boca no Estado. Na nota, a Sesa afirma que a doença é mais frequente em crianças menores de 5 anos, embora possa afetar adultos.

“O diagnóstico geralmente é clínico, baseado nos sintomas, localização e aparência das lesões, principalmente quando os quadros são típicos. Em casos atípicos, exames de fezes e swab de lesões podem ajudar a identificar o tipo de vírus causador da infecção” – detalha a Sesa.

A Secretaria reforça que a síndrome MPB não é uma doença de notificação compulsória, porém todo surto deverá ser notificado no Sistema de Vigilância em Saúde e SUS-VS.

 

SINTOMAS CARACTERÍSTICOS DA DOENÇA

 

Vitória – Os sintomas mais comuns e característicos da doença mão-pé-boca são febre alta nos dias que antecedem o surgimento das lesões; aparecimento de manchas vermelhas com vesículas branco-acinzentadas no centro na boca, amídalas e faringe, que podem evoluir para ulcerações muito dolorosas.

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Além de erupção de pequenas bolhas em geral nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, mas que pode ocorrer também nas nádegas e na região genital; mal-estar, falta de apetite, vômitos e diarreia;

Por causa da dor, é comum a dificuldade para engolir e muita salivação. O ideal é que o paciente permaneça em repouso, tome bastante líquido e alimente-se bem, apesar da dor de garganta.

 

TRATAMENTO

Não há tratamento específico. Em geral, como ocorre com outras infecções por vírus, ela regride espontaneamente depois de alguns dias, é autolimitante. Por isso, na maior parte dos casos, o tratamento é sintomático, com o objetivo de controlar a febre e a dor. Os medicamentos antivirais devem ficar reservados para os casos mais graves. O ideal é que o paciente permaneça em repouso, bem hidratado e alimentado.

Ainda não existe vacina contra a doença. As medidas de prevenção e interrupção da transmissão são importantes.

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Fonte: Nota Técnica nº 05/2021 Sesa SSVS/GEVS/CIEVS

 

Foto do destaque: Divulgação

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