Em nota oficial enviada à Rede TC de Comunicações, a direção do Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES) se disse estarrecida “com a desinformação da Seacrest”.

Em entrevista na quinta-feira, o vice-presidente de Operações da empresa, Juan Alves, havia assegurado que a Seacrest havia triplicado a produção de petróleo do Polo Cricaré, passando 700 barris/dia para 2.100.

O Sindipetro reagiu de forma dura e afirmou que a empresa “está sendo desonesta” com essa afirmação. De acordo com o sindicato, pelos “documentos oficiais da Petrobras, a produção média dos campos era de 2.766 barris/dia à época da venda”. Dessa forma, o sindicato entende que a Seacrest está com uma produção 25% abaixo da Petrobras.

O Sindipetro-ES afirma que fica impressionado com “a coragem da empresa em propagandear eficiência, quando mesmo utilizando toda a estrutura feita pela Petrobras, a empresa privada mal consegue se equiparar à estatal”. Continua o sindicato: “Além disso, a Seacrest esconde o fato de que a produção do campo foi reduzida de forma proposital para facilitar a venda do Polo Cricaré e que, por ingerência do governo anterior e seus gestores, não recebeu os investimentos necessários para manter a produção”.

Na visão do Sindipetro-ES, “outra questão importante é que, ao dizer que a empresa está ‘continuando com as campanhas de reativação de poços e futuras perfurações’, a Seacrest deixa claro que não está investindo em novas perfurações e que toda a produção atual provém das explorações feitas anteriormente pela Petrobras”.

Por fim, o Sindipetro sustenta que “a Seacrest está produzindo menos do que a média histórica da Petrobras, não está investindo na exploração de novos poços da região e ainda está pagando menos royalties aos estados e municípios produtores, graças à resolução da ANP nº 853/2021, que permitiu a redução da alíquota de royalties de 10% (incididos na Petrobrás) para 5%, no caso de campos concedidos a empresas de pequeno porte, caso da Seacrest”.

Vista parcial da Estação Fazenda Alegre, que integra o Polo Norte Capixaba, cujo
processo de privatização está suspenso temporariamente pela Petrobras.

Depois de comprar o Polo Cricaré,
Seacrest tenta adquirir o Polo Norte Capixaba

A Seacrest busca atualmente concretizar a aquisição do Polo Norte Capixaba, complexo petrolífero composto pela Estação Fazenda Alegre, Terminal Norte Capixaba e a Base 61 (antiga sede da Petrobras em São Mateus), entre outras instalações. Entretanto, a nova direção da Petrobras, sob a inspiração do governo Lula, determinou a suspensão por 90 dias de todos os processos de privatização que estavam em andamento.

Reiteradamente, o Sindipetro-ES e as federações de petroleiros têm se posicionado contra essas privatizações e reivindicam a manutenção das operações sob o comando da Petrobras. As entidades sindicais argumentam que as operadoras privadas não têm a mesma expertise da estatal e estariam precarizando condições de trabalho e segurança, inclusive do meio ambiente. Argumentam também que as empresas particulares pagam menos royalties às prefeituras e governos estaduais, prejudicando a capacidade econômica dessas instituições.

O Polo Cricaré já está sob a administração da Seacrest, que tem sede nas Bahamas, conforme informação do vice-presidente Juan Alves. De acordo com informações da Petrobras, quando da oferta à venda, o Polo Cricaré compreende 27 concessões terrestres no Espírito Santo, majoritariamente localizadas em São Mateus, mas também com abrangência em Jaguaré, Linhares e Conceição da Barra. Entre os campos mais famosos do Cricaré estão Fazenda Cedro, Fazenda São Jorge, Guriri, Inhambu, Lagoa Suruaca e Rio Preto.

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