ALEX SABINO
TÓQUIO, JAPÃO (FOLHAPRESS) – Fernando Scheffer, 23, sabe o momento em que começou a sonhar com as Olimpíadas. No final de 2015, viu seu nome pela primeira vez no ranking brasileiro adulto para os 200 m livre.

“Os Jogos estavam na minha cabeça desde criança, mas ali percebi que era possível. Eu poderia ter me classificado para a Rio-2016, mas não era a minha hora. Serviu de motivação, e realizar tudo isso agora é muito bacana”, afirma o nadador à reportagem.

Há cinco anos, ele não pensou assim. O índice para competir no Rio de Janeiro escapou por 80 centésimos. Foi uma experiência decepcionante. A recompensa aconteceu na noite deste domingo (25).

O “tudo isso agora” citado por ele é a vaga na final da prova em que surgiu pela primeira vez no ranking. Com 1min45s71, ele fez o oitavo melhor tempo das semifinais dos 200 m livre. A conta do chá para se classificar, o que para ele, por si só, já é um resultado histórico em sua estreia olímpica.

Desde cedo apontado como uma das principais revelações da natação nacional, o gaúcho de Canoas, que começou no esporte para não ficar sozinho em casa, aos 11 anos, confirmou ao cair na piscina a previsão feita ainda no Brasil. Os 200 m livre estão mais equilibrados do que nunca.

Ele lembra que 1min45s era há alguns anos tempo suficiente para ser campeão mundial. Na semifinal olímpica, o melhor tempo foi do britânico Duncan Scott, com 1min44s60.
“Na verdade, o ranking do 200 m jamais esteve tão forte. Isso tem um lado bom. Podemos bater de frente com as potências”, lembra.

Por isso que após a semifinal deste domingo ele disse que em nenhum momento se preocupou em olhar para o que os concorrentes estavam fazendo e em que posição estava. No início, Scheffer chegou a liderar a sua semifinal, mas acabou em terceiro.

“É uma prova sem favoritos”, assegura o atleta que defende o Minas Tênis Clube.
Depois da classificação, ele repetiu para os jornalistas o mantra que tem dito desde antes do embarque para o Japão. Não pensaria muito na frente, um passo de cada vez. Primeiro a classificatória, depois a semifinal e, agora, a disputa pela medalha.

Ele disputa a final nesta segunda (26), às 22h43 (de Brasília).
Para Scheffer, já confundido, por causa do nome parecido com o Fernando Scherer, o Xuxa, bronze nos 50 m nas Olimpíadas de Atlanta-1996, os 200m livre estão em crescimento no Brasil.

Isso justifica a sua crença também na possibilidade de medalha no revezamento 4×200 m. Ele será um dos competidores pelo país.
“Todos queriam uma vaga nesse revezamento por saberem do que ele é capaz. Temos uma tradição muito grande e a nossa expectativa é fazer essa prova se tornar forte a nível mundial novamente. Estamos no caminho certo”, afirma.

Na mesma olimpíada em que Xuxa ganhou medalha, o Brasil foi ao pódio pela última vez nos 200 m livre. Gustavo Borges conquistou a prata. É uma lembrança que Scheffer já escutou algumas vezes (ele tinha dois anos de idade na época), mas que não lhe coloca nenhuma pressão.

No guia olímpico feito pela CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) ele apontou Cesar Cielo (dono de três medalhas nos Jogos) como seu ídolo.
“Estou zero ansioso. Foram tantos anos de treino que eu quero aproveitar cada segundo. Um passo de cada vez. Não tenho dúvidas que vai ser uma experiência incrível.

 

Foto do destaque: Satiro Sodré/SSPress/CBDA

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