CRISTIANE GERCINA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O trabalhador com direito de sacar até R$ 1.000 do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) extraordinário encontra facilidades na hora de ter acesso aos valores, com a possibilidade de movimentar o dinheiro de forma online, por meio do Caixa Tem. Porém, se não tiver cuidado redobrado, pode ser alvo de golpistas.

Especialistas em segurança digital e a própria Caixa Econômica Federal, que administra o fundo e é responsável por liberar o saque -permitido pela medida provisória 1.105-, alertam sobre o que fazer para não ser vítima de golpe.

GOLPISTAS AGEM EM DUAS FRENTES
Há duas frentes de atuação dos fraudadores: com dados já disponíveis após o megavazamento ocorrido há mais e um ano, que expôs informações sobre 223 milhões de brasileiros, ou por meio da coleta de dados ao enviar links falsos aos trabalhadores.

Foto: Marcello Casal Jr. /Agência Brasil

Os links falsos chegam por meio de WhatsApp, SMS, emails e, até mesmo, nas redes sociais. Contra esse tipo de ação a Caixa faz o principal alerta. Segundo o banco, a instituição financeira não envia mensagens com solicitação de senhas, dados ou informações pessoais.

“Também não envia links ou pede confirmação de dispositivo ou acesso à conta por email, SMS ou WhatsApp”, informa nota.

De acordo com o advogado Alexandre Berthe, especializado em direito do consumidor, mesmo no caso dos cidadãos mais cuidadosos, os golpes podem ocorrer, já que o vazamento de dados é, hoje, o que ele chama de “pandemia”. “As chances de qualquer um ser vítima são muito grandes”, alerta.

Segundo ele, quem tiver o dinheiro sacado por meio de golpes deve registrar um boletim de ocorrência imediatamente e procurar a instituição bancária para restituir os valores. O advogado afirma que há prazo de dez dias para uma reposta. Caso não haja nenhum posicionamento da instituição financeira, é possível procurar os órgãos de defesa do consumidor e até a Justiça.

Fernanda Garibaldi, advogada das áreas de fintech e meios de pagamento do Felsberg Advogados, afirma que há regulamentações por meio do Banco Central, além de controle de instituição financeiras que trabalham com pagamentos digitais, com o objetivo de garantir a segurança digital nos meios de pagamento modernos.

Para a advogada, o que ocorre no Brasil é fruto da violência generalizada, muitas vezes causada pela desigualdade social, que faz com que a ação de ladrões e falsários coloque o cliente como vítima. “O usuário precisa ficar atento e fazer o que já sabe, que é usar o aplicativo oficial do seu banco, sempre no seu celular ou no seu computador, nunca em dispositivos públicos, e te verificação em duas etapas”, diz.

Ela orienta o cidadão que for vítima de golpe a, inicialmente, procurar a ouvidoria da instituição financeira. Se o caso não for resolvido, será necessário ir até o local. “As instituições são reguladas e estão sob supervisão. Há ainda mecanismos de defesa do consumidor.”

BANCOS GASTAM MAIS DE R$ 25 BILHÕES POR ANO COM SEGURANÇA DIGITAL
Para garantir a segurança digital dos usuários nos meios de pagamentos modernos, os bancos gastam, anualmente, cerca de R$ 25,7 bilhões em tecnologia, segundo dados da Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Do total, 10% são voltados para a segurança na internet.

Em nota, a Febraban informa que quem é vítima de golpe deve seguir as regras de ressarcimento do seu banco ou instituição financeira. “Informamos que cada instituição financeira tem sua própria política de análise e devolução, que é baseada em análises aprofundadas e individuais, considerando as evidências apresentadas pelos clientes e informações das transações realizadas.”

Dentre os principais golpes destacados pela instituição estão o do falso motoboy, no qual um golpista liga para a casa do cliente, solicitando senha e diz que o cartão precisa ser cortado, mas deixando o chip intacto e, em seguida, um motociclista vai à casa do cidadão e retira o cartão; o da falsa central telefônica, que também solicita dados; e os ataques de phishing, por meio do envio de links suspeitos.

Dados de outubro de 2021 mostram que, na pandemia, o golpe do falso motoboy cresceu 271%, o da falsa central telefônica teve alta de 62% e o dos links falsos, aumento de 26%.

Veja dez dicas de segurança digital:
VEJA DEZ DICAS DE SEGURANÇA DIGITAL
– Nunca utilize dados pessoais como senha: data de aniversário, placa de carro ou números seguidos e nem anote a senha em papel ou computador
– Nunca clique em links de promoções muito vantajosas, com pedidos de atualização ou manutenção de token
– Nunca realize transferências para regularizar ou estornar valores em sua conta para testes
– Sempre avise o banco caso seu celular seja roubado
– Confira todos os dados antes de pagar um boleto, realizar transferências ou fazer um Pix
– Nunca acesse sua conta ou cadastre sua chave Pix, clicando em algum link que receber em mensagens; para isso, use seu celular ou seu computador
– Nunca transfira dinheiro para amigo ou familiar que tenha feito o pedido por WhatsApp sem antes ligar para confirmar com a pessoa
– Ative o duplo fator de autenticação em suas contas
– Habilite a função de rastreio do celular para apagar os dados do aparelho a distância e ative o bloqueio do chip da operadora com o PIN e tenha o código imei em caso de roubo
– Se receber contato em nome do banco solicitando para ligar para a central de tendimento, utilize outro celular para fazer isso, pois pode ser golpe

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