Os preços ainda andam distante do sustentável para recompensar a dedicação do homem do campo, mas a produtividade cresce com o emprego de novas tecnologias e um capricho renovado no manejo das lavouras. Apesar dos reflexos da crise hídrica ainda presentes, esse conjunto de fatores volta a impulsionar o protagonismo agrícola do Município de São Mateus, que chega neste dia 21 de setembro ao marco de 475 anos de colonização. Café conilon, pimenta-do-reino, aroeira, coco, mamão, limão, mandioca, macadâmia, feijão, borracha, cacau e cana-de-açúcar, entre outras lavouras permanentes e temporárias, garantem produtos para consumo em São Mateus e também para outros povos no Brasil e também em outros continentes.
Cultivado em 12.790 hectares, como registra o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o café conilon (Canephora) registrou uma produção de 30.696 toneladas em 2018, o equivalente a 511.600 sacas piladas de 60 quilos. Para o presidente da Cooperativa dos Produtores Agropecuários da Bacia do Cricaré (Coopbac), Erasmo Negris, essa produção, a quarta maior do Espírito Santo, pode ser ainda maior, se, segundo ele, não houvesse registro de parte da produção em municípios vizinhos.
Nos dados da produção apurada ano passado pelo IBGE, desponta também a pimenta-do-reino. Mesmo com preços em baixa, a chamada pimenta-preta, uma das mais antigas especiarias do Planeta, já começa a equiparar-se ao conilon como principal cultura em valores de produção no Município. E nesse segmento de condimentos desponta, com pioneirismo mateense, a pimenta-rosa, conhecida como aroeira.
CENSO
AGROPECUÁRIO
De acordo com o Censo Agropecuário, cujos dados foram coletados em 2017, em São Mateus os estabelecimentos agropecuários ocupam uma área de 174,4 mil hectares. Nesse universo aí, havia espaço inclusive para 12 hectares cultivados com flores. É claro que as lavouras permanentes ocupavam a maior área, com mais de 32 mil hectares. Na pecuária, as pastagens em boas condições representam acima de 51 mil hectares. Nessa distribuição territorial, São Mateus ainda possui 25,8 mil hectares com matas ou florestas naturais destinadas à preservação permanente, ou como reserva legal. E outros 40,4 mil hectares de florestas plantadas.
O IBGE registrou ainda, no censo do setor, que o Município de São Mateus possui 4.181 estabelecimentos agropecuários. A maioria tocada por produtor individual, mas são registrados também condomínios e consórcios. A maior parte dos negócios rurais é comandada por homens (3.499), mas as mulheres têm participação de liderança efetiva em 672 estabelecimentos, de acordo com o censo agropecuário.
Em nível de escolaridade, o censo detectou que há estabelecimentos em que o produtor nunca frequentou escola, mas também existem outros que os gestores têm cursos técnicos, graduação universitária, mestrado e doutorado.
Sobre faixa etária, a maior parte dos responsáveis pelos estabelecimentos agropecuários (2.643) possui entre 30 e 60 anos de idade. Com mais de 60 anos são 1.300, e com menos de 30 de anos, apenas 228. Sobre cor ou raça do produtor, a maioria declarou-se branca (1.938) e parda (1.539). Conforme o IBGE, há 668 negros/pretos comandando negócios nesses estabelecimentos, 17 amarelos e 9 indígenas.
