Os produtores de café conilon do norte do Estado preveem uma queda da produção na safra 2022, cuja colheita se inicia no mês de abril. Para o presidente do Sindicato Rural de Jaguaré, Jarbas Alexandre Nicoli Filho, e para o vice-presidente do Sindicato Rural de São Mateus, Giordano Bruno Martin, a estimativa de crescimento apresentada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) não será concretizada.
Em janeiro, a Conab havia apresentado a estimativa da safra de café para esse ano. A companhia prevê um crescimento no Espírito Santo de 3,4% na produção do conilon, em relação a 2021. Conforme detalha, no ano passado a produção no Estado foi de 11.221sacas. Para 2022, a estimativa é de 11.600 sacas.
Jarbas Filho avalia que o cenário apresentado pela Conab não será concretizado, porque a lavoura no norte do Espírito Santo, onde se concentra a produção de conilon, ainda é impactada pelo forte calor e escassez de chuva registrados de dezembro de 2020 a fevereiro de 2021. Conforme explica, a temperatura fez com que a planta crescesse menos do que o esperado. Assim, após a colheita de 2021, a fl oração ocorreu numa área menor da planta.
Chuvas evitam problema maior
Jarbas Alexandre Nicoli Filho frisa que as chuvas que ocorreram a partir de outubro de 2021 evitam um problema ainda maior para os produtores, já que o fruto do café conilon “vingou de forma ótima, ajudando a reduzir as perdas”.
Em suas lavouras, Jarbas Filho sustenta que a perda pode ser ainda maior em relação aos outros produtores, porque teve problema em conseguir mão-de-obra na colheita de 2021. “A demora de colher ocasionou um atraso nos tratos culturais, o que gera uma menor produção”, sustenta. Ele estima que a queda em relação a 2021 seja em torno de 30%.
Jarbas acredita que deve ter uma queda também na colheita do café arábica, em razão de estiagem, geadas e outras questões climáticas nas regiões de produção, no ciclo de preparação para colheita. Como a quantidade é menor de arábica, ele espera que o preço do conilon possa ter uma média boa.
Preços de insumos afetam a produção
Mateus – Vice-presidente do Sindicato Rural de São Mateus, Giordano Bruno Martin também aponta que a escassez de chuva e a temperatura alta no início de 2021 possa interferir, embora as chuvas do fim do ano passado até o momento possibilitem o bom enchimento do grão.
“Só que o produtor ficou descapitalizado. Apesar do preço do café que estava alto, os preços dos insumos, defensivos, herbicidas, adubos, ficaram muito caros. Então o produtor que estava descapitalizado no ano passado não conseguiu investir” – detalha.
Com a descapitalização, Giordano frisa que muitos produtores não conseguiram investir na lavoura, no preparo das plantas para essa safra, o que permitiria uma maior produção. Por isso, Giordano afirma que sua expectativa é de uma quebra de 30 a 35% neste ano ,“mesmo com um período grande de chuva”.
Dessa forma, Giordano acredita que a estimativa da Conab apresentada no início do ano não será concretizada. Até mesmo porque, segundo ele, as estimativas da companhia geralmente são colocadas para cima.