Jesus narra duas breves parábolas –a da semente, que cresce sozinha e a do grão de mostarda– para exortar seus discípulos a terem, perante o mal, que, constantemente, nos espreita, uma atitude de confiança e esperança. A primeira parábola acentua a gratuidade do Reino; a segunda, o crescimento dele contra as mais róseas previsões. O Reino –a soberania da Vontade de Deus e o império amoroso de Seu desígnio salvador a favor do homem– é como uma semente: não se manifesta de repente, em sua plenitude, mas, aos poucos, sem violência e a partir de começos humildes.

O povo de Israel sonhava com a restauração do Reinado de Davi, baseado sobre o domínio, a prepotência, a força das armas, a expulsão dos inimigos de seus territórios. Também, João Batista pregava, como iminente a vitória do Bem contra o Mal. O Reino de Deus é, ao invés, “um reino eterno e universal: reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino da justiça, do amor e da paz” – proclama o Prefácio da festa de Cristo Rei. Por isso, no Pai Nosso, Jesus exorta a pedir: “Venha a nós o vosso Reino” e logo após acrescenta: “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”.
Enquanto na parábola da semente, o Divino Mestre ressalta o dinamismo da “semente, que cresce sozinha” –seja que o agricultor durma, ou que fique acordado– na parábola do “grão de mostarda, a menor de todas as sementes”, Jesus sublinha a confiança e a esperança do agricultor, que lança a semente com a certeza de que seu trabalho não será em vão, pois sabe que a força da semente vai vincar, florescendo e dando frutos. Estas duas parábolas evocam o Plano de Deus a favor da humanidade, apesar de todos os obstáculos, o Bem vai prevalecer sobre o Mal, a Vida sobre a Morte: o Mal não tem a última, mas, a penúltima palavra.
Só, no final dos tempos, o Reino vai se manifestar, plena e definitivamente: desde que Jesus o inaugurou, está atuando de maneira silenciosa –lenta, mas, profundamente– na história humana. O Reino de Deus foge de qualquer exterioridade ou triunfalismo: como nas plantas, não vemos o momento de seu crescimento, assim, o Reino de Deus no meio de nós; somente num tempo distante é possível verificar seu crescimento. Assim, também, nas crianças e nos cabelos: podemos constatar seu crescimento só depois que tenha acontecido.
“Pessimismo e escrúpulos longe de mim!” –exclamava São Filipe Nêreo. A Ressurreição de Cristo derrotou o mal maior: o pecado e a morte. O nosso Divino Redentor não fundou uma Igreja de impecáveis e perfeitos, de eleitos e privilegiados, de anjos e de superdotados, mas, uma Igreja de pessoas humildes e frágeis. Tomou distância do que é deslumbrante e avassalador: Jesus –o único que salva, embora não à força– mediante a paradoxal derrota da Cruz, faz resplandecer a força de seu amor sem medida, para que não ao homem, mas, a Deus seja dada toda honra e glória.

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(Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano.)

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