O “Dia da Pátria” nos recorda que ela não consiste tanto na sua paisagem ou no seu subsolo, mas, no seu povo, sua cultura, arte, literatura, religiosidade, associações, instituições, heróis, mártires e no seu regime político. Pátria é um nome sagrado: quem ouve este nome é tocado nas fibras mais íntimas de seu coração. Jesus deu o exemplo de amor à Pátria: “Estando sentado no Monte das Oliveiras, ao contemplar sua cidade, chorou!”. “O verdadeiro progresso de uma nação –disse Papa Francisco na sua recente viagem à Mongólia– não é medido pela sua riqueza econômica ou pelo poder ilusório de suas armas, mas, por proporcionar saúde, educação e desenvolvimento integral ao seu povo”.

Já esvaziado por um patriotismo vazio e sentimental, o Dia da Pátria recebeu um novo e grande impulso com o “Grito dos Excluídos”. Instituído pela CNBB para refletir sobre as causas, que estão na origem da insegurança alimentar, que sofre a grande parte de nosso povo, teve por finalidade encontrar os meios mais eficazes para construir uma sociedade mais humana e fraterna, onde todos se sentissem incluídos. O “Grito” – fruto da Campanha da Fraternidade do ano de 1995, cujo tema era “Fraternidade e Exclusão” – convoca todos os que amam o Brasil a descer das arquibancadas dos desfiles cívicos e militares e se envolver nos problemas reais, que enfrenta o nosso povo.

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Foto: TC Digital

Rico de toda espécie de recursos humanos e naturais, o Brasil é humilhado pela desigualdade social –7 países africanos têm uma desigualdade maior– pelos lucros excessivos das elites financeiras, especulação generalizada e fuga de capitais para o exterior: poucas famílias bilionárias detêm 50 % dos recursos da nação. O “Grito” visa mostrar a nobreza do servir; a conveniência do bem comum; a alegria do dever cumprido; a grandeza da solidariedade com os mais fragilizados e a necessidade de combater a corrupção na vida pública, a ilegalidade na vida social e o clientelismo na política.

Tema deste “29º Grito”: “Você tem fome e sede de que? A vida em primeiro lugar!”. Daí a pergunta: “Quais os nossos direitos e deveres?”. À Pátria cabe dar a todos: alimento, saúde, educação, trabalho, casa, segurança, previdência social, lazer, esporte. “E os deveres” são: Respeitar seus símbolos e suas instituições, sobretudo, seu regime democrático; obedecer às suas leis e colaborar com os planos de seu governo. A palavra, porém, que mais sintetiza, o sentido de Pátria é:  cidadania, pois a Pátria é chamada a garantir aos cidadãos uma vida pacífica e a alegria de contribuir – cada um segundo suas possibilidades – para o seu crescimento econômico e social.

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A falta de cidadania –a anticidadania– é, sem dúvida, a exclusão social. O excluído carrega, como um estigma, a frustação de ver-se espoliado de sua dignidade humana e a tristeza de estar na categoria dos marginalizados. Papa Francisco aponta as etapas para tornar nossa Pátria uma Pátria cidadã: “Acolher, proteger, integrar e promover”. É um fato: os Países menos desiguais registram maior harmonia social, uma economia mais próspera e estável e cidadãos, orgulhosos de seu País.

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(*Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano e vigário cooperador da Paróquia São José, Serra-ES.)

Foto do destaque: TC digital

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