O médico sanitarista Nésio Fernandes, secretário da Saúde do Espírito Santo, afirmou no domingo (1º) que a pandemia profundou ainda mais “o fosso das nossas desigualdades”, destacando que na Educação, este impacto foi ainda maior.

Ele lembrou em uma rede social que esta constatação faz parte de um manifesto da Unesco Brasil, que aponta que, enquanto 40% dos filhos da classe A podem ter acesso a aulas presenciais, nas classes D e E, eles são somente 16%.

A fala do secretário foi para rebater as críticas sobre a obrigatoriedade do ensino presencial no Espírito Santo, em vigor desde a semana passada. “Não parece razoável dar menor peso do risco à atividades de lazer e entretenimento e superdimensionar o risco da educação presencial. Nós sanitaristas, compreendemos a determinação social do processo saúde-doença, por isso refutamos modelos unicausais” – enfatizou.

Nésio frisou ainda que não é somente a covid-19 que prova desigualdades no mundo e defendeu que a pandemia está caminhando para um contexto de maior controle e que “precisamos compreender a responsabilidade do Estado”.

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Conforme apontou, “a evasão escolar pode enterrar o futuro de milhares de jovens e atrasar o País em 30 anos de avanços na educação”.

“Assim como a obrigatoriedade do voto, a obrigatoriedade do ensino é um dos principais instrumentos de formação da cidadania. Constitui-se em uma das mais efetivas medidas contra a evasão escolar. Para além do tema da evasão, não podemos relativizar o papel da Escola e nem a própria Escola. Crianças e adolescentes fora da escola por dois anos, até ter toda população com duas doses? Isso não é defensável, tampouco razoável com os conhecimentos/avanços que temos hoje” – defendeu.

O secretário ainda questionou se crianças e adolescentes fora da escola estariam seguras. “Além de privados de diversos direitos relacionados, estão submetidos ao mesmo risco comunitário de infecção, que dependendo da atividade e disciplina não-farmacológica, pode ser maior que o baixo risco do ambiente escolar”.

 

TESTAGEM EM MASSA

Ele assegurou que o retorno escolar acontece em ambiente de plena capacidade de testagem no Espírito Santo.

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“A testagem escolar irá reconhecer casos, sem dúvida alguma, casos positivos são esperados e o objetivo dela é justamente tirar casos positivos de transmissão comunitária do ambiente escolar. Os municípios poderão realizar diferentes estratégias de Testagem de acordo as suas capacidades e metodologias escolhidas. Hoje, no Espírito Santo, a oferta de RT-PCR não exige avaliação médica ou sintomas, pode ser feita por agendamento online ou por demanda espontânea nos mais de 500 pontos de testagem disponíveis no SUS, que também realizam testes de Antígeno”.

 

SEGURANÇA ALIMENTAR

Além disso, o secretário afirmou que as classes D e E são os extratos mais prejudicados com o fechamento das escolas e o ensino híbrido. “O fechamento das escolas também apresenta impactos significativos na segurança alimentar das crianças e dos adolescentes. Em muitas realidades, a alimentação escolar representa a única refeição nutritiva das crianças mais vulneráveis”.

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