Destaque em cerimônia do Dia Internacional da Mulher, no Palácio do Planalto, com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quilombola mateense Selma dos Santos Dealdina destaca o espaço de fala às mulheres negras aberto pelo Governo Federal. Selma esteve na mesa de honra representando a Marcha das Mulheres Negras, que aconteceu em 18 de novembro de 2015 reunindo mais de 50 mil pessoas em Brasília.

Além da mateense, também tiveram oportunidade de fala a representante da Marcha das Margaridas, Maria José Morais Costa, e a representante da Marcha das Mulheres Indígenas, Nayra Paye Kaxuyana Inglez de Sousa.

A mateense Selma Dealdina destacou o compromisso de Lula com as demandas quilombolas e das mulheres negras.
Foto: Ricardo Stuckert-PR/Divulgação

Secretária da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Selma destaca a perspectiva de diálogo aberto no atual Governo para que as mulheres negras, as comunidades quilombolas, os povos originários, tenham acesso às políticas públicas.

“Voltar àquela casa seis anos depois de tudo, do golpe contra a Presidenta Dilma, dos quatro anos de desgoverno do ex-presidente, depois do dia 8 de janeiro, foi emocionante, de arrepiar para todos nós que estávamos ali naquele espaço. E para ouvir uma mulher negra falar da importância de celebrar o dia 8 de março, relembrando que essa luta nossa acontece todos os dias, ainda mais para a gente, as pessoas negras que não têm um minuto de descanso para fazer o enfrentamento ao racismo” – sustenta Selma em entrevista à Rede TC de Comunicações.

De acordo com ela, a segunda Marcha das Mulheres Negras está sendo preparada.

 

Compromisso com as pautas de direitos humanos

 

Selma Dealdina destaca que o Presidente Lula tem reafirmado o compromisso no mandato com a pauta dos direitos humanos e das mulheres.

“Em especial de enfrentamento ao racismo, a luta pela igualdade, para que todos tenham acesso à moradia digna, às políticas públicas que atingem essa margem da população, à saúde, educação, concursos públicos, universidade”, afirma.

Destaque na cerimônia, Selma Dealdina entregou lembranças para a primeira-dama Janja da Silva.
Foto: Ricardo Stuckert-PR/Divulgação

Para Selma, o fato de 11 ministérios serem comandados por mulheres no Governo Federal já mostra o compromisso de Lula para com a classe feminina. “Temos a ministra Anielle Franco, Marina Silva, Luciana Santos, Margareth Menezes, que são as ministras negras”, ressalta.

Contudo, frisa que a questão do racismo e a luta por um país mais justo não se resolve com decreto presidencial.

“O Presidente Lula tem essa vontade de resolver, tem esse compromisso com 54% da população que é negra. Mas isso depende também de uma transformação de sociedade. O enfrentamento ao racismo é uma luta árdua, uma luta que vai durar muito tempo, até que as pessoas percebam que há uma sociedade para ser justa, para ser igualitária, para ser fraterna. Precisa que todas as pessoas sejam iguais, mas que sejam iguais não só no que diz a Lei, mas precisa também de oportunidades” – reforça.

 

Perspectivas de diálogo e avanços em demandas

 

A mateense demonstra ter perspectivas de avanços nas demandas quilombolas e das mulheres negras no atual Governo Federal. “Primeiro, o diálogo que a gente não tinha com o governo anterior”.

Selma tem expectativa de avanços na titularização de terras em comunidades quilombolas, mas também de acesso às políticas públicas que viabilizem a permanência do povo nas comunidades.
Foto: Ricardo Stuckert-PR/Divulgação

Ela explica, por exemplo, que hoje existe espaço para apresentar as demandas e as propostas tanto do movimento negro quanto dos quilombolas, povos originários, do campo, da água, da floresta e da cidade.

De acordo com Selma Dealdina, desde a elaboração do projeto de governo, passando pelo processo de transição, representantes quilombolas participaram relatando o que foi destruído, as coisas que foram invisibilizadas no governo anterior e o que precisa construir.

“Então, a gente percebe que os avanços são muitos porque os retrocessos feitos nos últimos seis anos foram generalizados em várias áreas”, frisa.

Ela tem expectativa de avanços na titularização de terras nas comunidades quilombolas, mas também de acesso às políticas públicas que viabilizam a permanência dos povos nas comunidades, o enfrentamento à violência doméstica e ao feminicídio, à luta pelo acesso dentro da política, na educação e em concursos públicos. “Enfim, todos os espaços porque as mulheres podem e devem ocupar os espaços que elas quiserem ocupar”, enfatiza.

Ao final da entrevista, Selma Dealdina agradeceu a Rede TC pelo espaço aberto à ela e à pauta quilombola.

 

Foto do destaque: Ricardo Stuckert-PR/Divulgação

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