NICOLA PAMPLONA

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Em balanço dos 30 dias da crise que levou à recuperação judicial, a Americanas afirma que está operando normalmente, com níveis adequados de estoque próprio e também dos lojistas parceiros que vendem produtos por meio dos canais digitais da varejista.

A varejista diz que adotou medidas internas para apurar as chamadas “inconsistências contábeis” que levaram a empresa a pedir proteção contra credores na Justiça, como a criação de um comitê independente e o afastamento da diretoria. O escândalo contábil de R$ 20 bilhões levou a empresa a entrar com uma recuperação judicial, com dívidas declaradas de R$ 43 bilhões.

“A Americanas segue operando normalmente nas suas lojas físicas, nos sites e nos aplicativos da companhia, mantendo seu propósito de entregar a melhor experiência, e com níveis adequados de estoque próprio e também dos lojistas parceiros do marketplace”, diz o comunicado.

A Folha de S.Paulo, no entanto, encontrou prateleiras vazias em unidades da rede visitadas em São Paulo. Alguns fornecedores não têm mais interesse em continuar vendendo para a Americanas. Nas últimas semanas, a empresa também iniciou demissões.

Para evitar perder parceiros, a empresa iniciou um programa piloto de pagamento semanal pelas vendas em seu marketplace. Até agora, os lojistas recebem a cada 15 dias, prazo que a empresa diz que está sendo cumprido.

“As entregas continuam sendo realizadas regularmente e a companhia mantém a excelente reputação pelo alto índice de solução no ranking Reclame Aqui, órgão que reconhece o bom atendimento da marca há dez anos”, continua o texto.

A empresa conseguiu a aprovação na Justiça de empréstimo de até R$ 2 bilhões para garantir capital de giro para manter as operações. Deste total, R$ 1 bilhão será emprestado pelos acionistas de referência da companhia, o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira.

Esse dinheiro será usado para garantir as operações e os pagamentos de fornecedores enquanto a empresa define seu plano de recuperação judicial, trabalho para o qual contratou a consultoria Alvarez & Marsal.

No documento, a empresa diz que não iniciou nenhum processo de demissões em massa e que “reforça o compromisso de seguir cumprindo com todas as obrigações, como o pagamento de salários e benefícios em dia, e de manter relacionamento e diálogo próximos com os sindicatos”.

Em carta aos empregados, o presidente interino da Americanas, João Guerra, reforça o compromisso e agradece aos trabalhadores pela manutenção das operações. “Todos sabemos da seriedade do momento. Nem por isso perdemos a garra. Nossa resposta foi mais esforço e mais foco”, escreveu.

“As lojas seguem abertas e com prateleiras cheias”, diz, acrescentando que o resultado desse esforço pode ser visto no “carinho” do cliente. “A resposta que recebemos não poderia ser mais tocante. Nas nossas redes sociais ganhamos mais de 100 mil novos seguidores.”

Guerra ressalva que, embora acredite em uma solução para a crise, o resultado depende de fatores que a empresa não controla “inteiramente”. Mas cita também a contratação da Alvarez & Marsal e o empréstimo autorizado pela Justiça como passos positivos.

“Enquanto os esforços do plano de recuperação seguem curso, posso prometer que nós, aqui, seguiremos mantendo a chama acesa no máximo”, afirma. “Com isso, estamos confiantes em dizer que já aceleramos os preparativos para a nossa Páscoa, um evento que é tão simbólico para os brasileiros e tão significativo para nós.”

Foto: Reprodução/Google Street View
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