“O transporte público no Brasil vive uma crise muito grave, ampliada pela pandemia. Uma nova legislação é urgente para melhorar essa situação, que gera sofrimento diário aos usuários do serviço”. A declaração é de Rafael Calabria, coordenador do programa de Mobilidade Urbana do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), e atesta a urgência de uma nova normatização para o segmento de transporte público em todo o Brasil.

O Idec enviou, no dia 27 de fevereiro, mais de 90 contribuições à consulta pública sobre o novo Marco Regulatório dos Transportes Coletivos Urbanos, realizada pelo Ministério das Cidades. O objetivo da legislação em elaboração é melhorar o serviço de transporte público prestado nas cidades, prevendo uma nova organização dos recursos públicos, aumentando a participação do governo federal no setor e melhorando as práticas de gestão.

Rafael Calabria explica que o assunto é bastante complexo e exigiu muito diálogo tanto com o Ministério das Cidades, como com outras organizações da sociedade civil que atuam no assunto. Segundo ele, a proposta apresentada pelo governo federal tem pontos positivos, mas vários pontos precisam ser aperfeiçoados e outros acrescentados.

Reconhecendo os transtornos aos usuários e as deficiências do sistema de transporte, Rafael afirma que “nossas contribuições incluem, entre outras coisas, a garantia de maior controle da remuneração das empresas concessionárias, penalizando excessos de lotação e atrasos; a redução dos oligopólios empresariais de transportes nas cidades; maior fiscalização por parte das prefeituras; e boas práticas de gestão”.

O Ministério das Cidades prometeu, em abril do ano passado, realizar audiências públicas em várias cidades para aprofundar o debate sobre o novo marco regulatório. “Vamos cobrar que esses eventos aconteçam e estaremos presentes para enfatizar e aprofundar nossas sugestões”, completa Rafael Calabria.

CONTRIBUIÇÕES APRESENTADAS PELO IDEC

. 13 propostas relacionadas a tarifa, aperfeiçoando as regras com vistas a diminuir o valor cobrado do usuário do serviço;

  • 10 contribuições para explicitar os direitos dos usuários e formas de exigí-los;
  • 14 contribuições para ampliar a transparência e a participação popular nas decisões;
  • Mais de 30 contribuições sobre remuneração das empresas, capacidade de controle público do serviço e novas técnicas de gestão pública para melhorar a qualidade do serviço aos usuários.

 

As propostas do Idec abordaram, ainda, temas mais específicos como a bilhetagem, emergências climáticas nas cidades, transporte sob demanda e a necessidade de se construir redes metropolitanas de transportes, principalmente nas grandes capitais.

 

Foto do destaque: Divulgação

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