TONI ASSIS

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Há quase 20 anos, o ex-jogador Lê saiu do banco de reservas para entrar na história do Flamengo. Foi dele o gol do empate de 3 a 3 contra o Palmeiras, que valeu a conquista da Copa Mercosul de 1999, último título internacional do clube carioca.

Lê foi criado no Flamengo. Foto: Sérgio Borges.

Duas décadas depois, o agora torcedor Lê, 40, acompanha das arquibancadas o desempenho do filho João Gabriel, 18, um dos destaques da equipe sub-20 da Gávea.
“Ele é um garoto muito focado. Veio para o Flamengo e conseguiu achar o seu espaço. Estou sempre junto e falo que ele precisa estar pronto, porque no futebol as chances aparecem do nada”, afirma.

Morador do bairro de Guadalupe, Lê gosta da vida do subúrbio. Tem casa própria e trabalha com a esposa Wanessa na administração de um bazar no bairro.

Fã de roda de samba, ele não abre mão da cerveja. Seu bordão “quem não bebe não joga” é famoso nas redondezas. O ex-atleta faz ainda parte do Fla Masters, grupo de ex-jogadores do Flamengo que realiza partidas pelo Brasil.

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“Tive o meu tempo no futebol. Rodei por alguns clubes e joguei também em Portugal. Depois sofri uma série de contusões e achei que era hora de parar com isso”, explica.

Muita coisa mudou nesse tempo em que Leandro Coelho Cardoso, o Lê, teve seu dia de herói no clube. O gol diante do Palmeiras, no entanto, permanece registrado na memória.
“Naquela final, o Carlinhos [técnico] me chamou no banco de reservas e disse para eu decidir o jogo. Quando fiz o gol, a única coisa que eu pensava era no meu pai, na minha família”, diz.

Cria da Gávea, o ex-meia era um dos destaques de uma geração que tinha o zagueiro Juan, o goleiro Júlio César, o lateral Athirson e o atacante Reinaldo. Completando o grupo, um pouco mais novo, estava Adriano Imperador. “O pessoal no clube falava que, depois da geração do Djalminha, a nossa foi a melhor que apareceu no Flamengo”, afirma Lê.

Os dois jogos finais foram um duro teste. O adversário era o Palmeiras, então campeão da Libertadores e que tinha nomes como Paulo Nunes, Júnior Baiano, Arce, Alex, Zinho e Júnior.

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Na primeira partida, o Flamengo venceu no Rio por 4 a 3 e levou para São Paulo a vantagem do empate.

“O favoritismo era todo deles. Nosso time era bem armado taticamente e contava com garotos muito rápidos, como Reinaldo, Caio e o próprio Lê. Essa era nossa grande arma”, diz o ex-volante Leandro Ávila.

Parceiro inseparável de Lê desde a base, o então atacante Reinaldo foi quem deu a assistência para que o amigo fizesse o gol do título.

“Fiz o pivô e toquei para ele entrar pela direita e deslocar o Marcos. Na base, nós cansamos de fazer gol assim”, relembra.

O título era uma espécie de prêmio para quem convivia com a falta de estrutura nas categorias de base daqueles tempos na Gávea.

“Nós íamos treinar em Duque de Caxias, e o ônibus tinha um buraco no meio do assoalho. Sem contar que vivia quebrando e a velocidade nunca passava dos 50 quilômetros”,recorda Lê.

Se nos seus tempos de jogador da base as coisas eram difíceis, a realidade vivida pelo filho no clube hoje é totalmente diferente

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Um dos destaques do sub-20 do Flamengo, João Gabriel emocionou o pai ao dar a assistência para o gol do título da Copa do Brasil sub-17 no ano passado. A conquista veio no 1 a 0 em cima do Fluminense.

“Falo para o João [Gabriel] que futebol é momento e jogar no Flamengo não é para qualquer um. O clube hoje dá uma estrutura sensacional, coisa que eu não tive. Ele tem que se preparar, dar um passo de cada vez e ser humilde. O resto, Deus ajuda”, diz.

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