RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede-AC) disse nesta segunda-feira (1º), em entrevista ao UOL News, que o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) faz promessa ambiental para ganhar tempo.

Ainda nesta segunda, durante a manhã, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, disse que o Brasil vai ampliar a meta de redução de emissão de gases do efeito estufa de 43% para 50% até 2030. O anúncio foi feito de Brasília e transmitido no Pavilhão Brasil, instalado na COP26, a 26ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, que começou ontem em Glasgow, na Escócia.

“O que o governo fez foi igualar o compromisso que já havia assumido na época da presidente Dilma em redução das emissões do Brasil em 50%. O governo faz esse anúncio, mas, na verdade, já conhecemos como funciona o governo Bolsonaro, ele faz anúncios para que possa ganhar tempo”, disse Marina.

Ela afirmou que o governo federal fez a sinalização na COP26 porque o Brasil está no “olho do furacão”. Para ela, o país vive um isolamento internacional muito grande em relação às questões ambientais.

“Ninguém quer ficar perto do Bolsonaro. Nem mesmo os países que têm governos autocratas querem ter nenhum tipo de presença ao lado do Bolsonaro. Ele fica isolado o tempo todo”, afirmou Marina.

A ex-ministra criticou também a falta de explicação sobre como o país irá reduzir em 50% a emissão dos gases estufa até 2030. Para ela, o governo precisa detalhar como irá chegar a essa marca.

“Da parte do governo Bolsonaro, sabemos que eles são especialistas em apresentar PowerPoint aqui no Brasil ou fazer anúncios loucos internacionalmente como acabamos de ver fazer, porque não tem nenhum tipo de detalhamento. A meta brasileira deveria ser bem maior para que se faça frente à necessidade de aumento dos compromissos por parte dos países que são grandes emissores, e o Brasil é um grande emissor”, disse Marina.

A ex-ministra disse ainda que a política feita por Bolsonaro para o setor ambiental é muito alinhada aos setores retrógrados do agronegócio do país. Ela classificou o anúncio em Glasgow como “vazio” e sem credibilidade.

“Qualquer meta que ele [Bolsonaro] anuncia não é acompanhada da recomposição do orçamento do Ministério do Meio Ambiente, do Ibama, do ICMBio, do Instituto de Pesquisas Espaciais, a recomposição dos quadros técnicos, para poder atuar com todo suporte à frente do maior vetor de missão que é o desmatamento e a queimada”, afirmou.

A ex-ministra ainda citou o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), como operador da política ambiental do governo Bolsonaro. Marina disse que o aliado do presidente da República assumiu o lugar do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

“É ele que opera a agenda do retrocesso dentro do Congresso e o governo não tem nenhum compromisso com aquilo que diz”, disse.
Como uma das soluções para a redução da emissão de gases estufa, Marina apontou as diminuições do desmatamento e das queimadas no país. A ex-ministra disse ainda que todo ano a gestão federal fala em redução, mas o que se vê é mais “o governo se portando ao lado dos criminosos”.

“Reduzir desmatamento é fundamental, diversificar matriz energética para torná-la limpa e segura, reforçar as equipes, retomar novas bases de plano de prevenção e controle do desmatamento, que a gente sabe que funciona, e fazer todos esses detalhamentos em parceria com a comunidade científica e com a sociedade civil, que têm um conhecimento muito grande”, afirmou Marina.

 

Foto do destaque: Reprodução

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