A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) emitiu um manifesto nesta semana defendendo a retomada do programa de desinvestimentos da Petrobras. De acordo com a entidade, o Estado e o Brasil podem acumular perdas econômicas diante da suspensão das vendas em trâmite ou não concluídas de ativos da estatal.

“A Federação acredita ser determinante a retomada imediata das negociações relacionadas aos ativos para garantir a continuidade de projetos que contribuem para o crescimento do setor de óleo e gás e para o desenvolvimento do Espírito Santo. Além disso, se colocou à disposição como parceira na construção de análises sobre a importância dos processos para o desenvolvimento socioeconômico sustentável do Estado” – aponta a entidade no comunicado.

Na semana passada, o Ministério de Minas e Energia (MME) solicitou à petrolífera a interrupção por 90 dias das negociações em razão da reavaliação da Política Energética Nacional e da nova composição do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

No Espírito Santo, por exemplo, os negócios em curso –que podem ser comprometidos com a suspensão— somam US$ 619 milhões em dois contratos já assinados e que ainda aguardam desfecho, segundo a Findes. “Um é o Polo Norte Capixaba, com campos maduros onshore, para a Seacrest Petróleo, por US$ 544 milhões, e o outro são os Polos Golfinho e Camarupim, no pós-sal da Bacia do Espírito Santo, para a BW Energy, por US$ 75 milhões” – afirma.

Leia também:   Homem é assassinado a tiros na zona rural de Nova Venécia

A Findes entende ainda que a conclusão dos contratos já firmados e em fase de negociação garante a abertura de mercado e promove a melhoria da competitividade da indústria, a atração de novos investidores para o Espírito Santo, gerando empregos e impulsionando o crescimento econômico da região.

“Além disso, irá viabilizar a entrada de novos players no mercado que podem incentivar a inovação e a modernização dos processos produtivos, com possibilidade de aumento do número de fornecedores de petróleo e gás, celebração de acordos para o acesso às infraestruturas essenciais, trazendo benefícios para toda a cadeia produtiva” – aponta.

Mais pluralidade ao setor

A Federação destaca ainda que o movimento de venda de ativos de produção de petróleo e gás natural confere mais pluralidade ao setor e ajuda a reduzir a dependência da cadeia produtiva de projetos da Petrobras.

“Exemplo disso é a atuação de petroleiras menores e privadas focadas em explorar campos em terra (onshore), justamente a partir do plano de desinvestimentos da estatal, iniciado em 2015. O aumento da participação das pequenas e médias empresas nesse mercado, inclusive, tem contribuído e vai contribuir ainda mais para a produção de óleo e gás no Espírito Santo e no Brasil” – defende a Findes.

Leia também:   Ação conjunta prende segundo suspeito de envolvimento em homicídio em Aracruz

Segundo estimativa da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o volume de produção onshore de petróleo, no País, deve sair de 93 mil barris/dia, em 2022, para 153 mil barris/dia, em 2032, um crescimento de 64,5%.

“Apesar de o mercado onshore ser responsável por apenas 6% da produção total do Brasil, ele pode ter um papel fundamental na criação de oportunidades e na aproximação dos atores dessa cadeia, já que, hoje, empresas locais ainda encontram grande dificuldade de acesso à multinacional”.

Por fim, a Findes destaca que, “caso o programa de desinvestimentos não aconteça, os projetos serão descomissionados, uma vez que, para a Petrobras, não há viabilidade econômica nessas atividades”.

“Dessa forma, por defender o desenvolvimento da indústria capixaba, o fortalecimento da cadeia de fornecedores e estimular um mercado mais competitivo, a Findes segue confiante na articulação do Governo Federal, para que se assegure a continuidade da abertura do setor –em especial a venda de ativos da Petrobras e a diversificação do mercado de petróleo e gás natural” – complementa.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here