A doutora em Epidemiologia Ethel Leonor Nóia Maciel prevê o fim da pandemia no Brasil e no mundo neste ano. Em entrevista exclusiva à Rede TC de Comunicações, Ethel Maciel, uma das mais respeitadas epidemiologistas do Brasil, esclarece que é necessário observar o que vai acontecer na Europa nesta temporada Primavera/Verão que ocorre no Hemisfério Norte para se ter uma ideia de como vai caminhar a pandemia.

“Dependendo do que acontecer lá é possível que o segundo semestre aqui [no Brasil] seja diferente. Mas certamente até março nós não estamos preparados para isso, para essa mudança, nem globalmente e muito menos aqui no Brasil” – observa.

A opinião de Ethel se mostra contrária ao pensamento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que anunciou no início da semana que pretende acabar com o caráter pandêmico da covid-19 no Brasil. Segundo ele, o governo federal avalia que o cenário epidemiológico e o impacto da mudança de status da doença no Brasil, de pandemia para endemia, podem acontecer em março.

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Para a epidemiologista, a declaração de Queiroga é prematura. “Do ponto de vista epidemiológico, o fim da pandemia vai chegar, mas é muito prematuro e preocupante o governo colocar uma expectativa de fim da pandemia com o Brasil ainda com percentual pequeno de pessoas com a dose de reforço e percentual pequeno de crianças plenamente vacinadas. Nós precisamos ainda fazer o nosso dever de casa, avançar na vacinação” – reforça.

 

ANÁLISE GENÔMICA DE NOVAS VARIANTES

Ethel cita ainda outras medidas que, na opinião dela, são igualmente necessárias para que ocorra a mudança efetiva de pandemia para endemia. “Precisamos ter um sistema de vigilância sentinela para fazer a análise genômica das variantes que estão circulando. É necessário ampliar isso. Precisamos ter protocolos de atendimentos para todos os níveis de atenção primário, secundário e terciário no Sistema Único de Saúde além de medicamentos efetivos disponíveis no SUS”.

Em relação aos medicamentos, a epidemiologista ressalta que em outros países já existem os anticorpos monoclonais, que são antivirais, como o da Pfizer, que recentemente deu entrada com pedido de autorização na Anvisa para que ele seja utilizado no Brasil.

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“Precisamos ter esses medicamentos disponíveis no SUS para nossa população poder utilizar no caso de internação em estados mais graves”.

 

REPIQUES

Ainda sobre o fim da pandemia, Ethel Maciel acredita que a mudança na classificação para endemia vai ocorrer, “só que nós precisamos ter todas essas ações de saúde pública colocadas, bem-organizadas, e planejadas no nosso Sistema Único de Saúde”.

 

ETHEL

Ethel Maciel possui graduação em Enfermagem pela Universidade Federal do Espírito Santo, mestrado em Enfermagem de Saúde Pública pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Doutorado em Saúde Coletiva/Epidemiologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e pós-doutorado (PhD) em Epidemiologia pela Johns Hopkins University. É professora associada da Ufes, onde já ocupou o cargo de vice-reitora.

 

Foto do destaque: Divulgação

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