“Não seria bom para a sociedade conciliar o papel de ídolo ao Bruno”. O comentário é do juiz aposentado Antônio Carlos Fachetti, que atuou na Vara de Execuções Penais na Comarca de São Mateus. Procurado pela Rede TC, Fachetti falou sobre a polêmica envolvendo a contratação do ex-goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes Souza, condenado por homicídio triplamente qualificado de Elisa Samúdio.

Juiz aposentado Antônio Carlos Fachetti. Foto: Arquivo/TC Digital

Na sexta-feira (31), a negociação pela contratação de Bruno, campeão brasileiro em 2009 pelo rubro-negro carioca, foi confirmada pelo técnico Vevé. No entanto, momentos depois, a comissão provisória da diretoria desistiu da contratação “devido à repercussão negativa imediata da sociedade”. Para o juiz aposentado Antônio Fachetti, apesar do goleiro cumprir pena em regime semiaberto e ter direito garantido por lei de trabalhar durante o dia, a contratação dele não seria uma atitude boa perante a sociedade, e a desistência do clube foi a melhor decisão.

“Se ele viesse a jogar pelo São Mateus, para muitas pessoas, talvez os mais jovens, seria transformado em um ídolo. No entanto, não se concilia esse título a uma pessoa que praticou o fato que ele praticou. No meu ponto de vista não dá para conciliar as duas coisas. Então eu acho que não seria bom para a sociedade conciliar o papel de ídolo a ele” – disse.

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PRESÍDIO

Outro fato que segundo Fachetti dificultaria a contratação do goleiro é que o Presídio Regional de São Mateus não é destinado a apenados em regime semiaberto. “A unidade mais próxima fica em Linhares. Então ficaria complicado ele se deslocar entre as duas cidades todos os dias. Por isso, no meu pensar, mesmo se houvesse concordância e o time do São Mateus entendesse por bem em contratá-lo, ele não teria como cumprir a pena em São Mateus” – argumentou.

Coletivo de Mulheres repudia intenção da Associação

Foto: Reprodução

A informação de que o goleiro Bruno poderia ser contratado pela Associação Atlética São Mateus dividiu opiniões. Muitas pessoas se manifestaram contra a decisão.

Um grupo social que se identifica como Coletivo Auto-organizado de Mulheres de São Mateus (Belas) emitiu Carta Aberta no sábado (1º), dia seguinte à decisão da Associação de não efetuar a negociação com o ex-goleiro do Flamengo. No texto, as mulheres repudiam “a consideração de alçar a título de ídolo futebolista da Cidade alguém condenado por assassinato qualificado de uma mulher, hoje crime tipificado como feminicídio”.

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O texto afirma que, apesar da organização ser a favor da ressocialização de detentos, o goleiro não pode exercer uma função que lhe coloque na posição de ídolo. “Entendemos que a ressocialização é importante e é um direito que a todos assiste, mas entendemos também que há várias profissões que podem resgatar a dignidade humana sem alçar um feminicida à posição de ídolo”.

“O que ensinaremos às nossas crianças ao levá-las ao estádio? Que ídolos, enquanto sociedade, vamos reverenciar?” – questiona.

BELAS

A Rede TC telefonou para duas mulheres que se identificaram como integrantes da organização. Zenilza Pauli disse que não poderia atender a Reportagem nesta terça-feira (4) por conta de compromissos profissionais, mas adiantou que o coletivo de mulheres é uma organização plural e de iniciativa social, portanto não possui líder, presidente ou coordenador. Flaviane Lopes não atendeu as ligações.

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