Concentrações de ferro, cádmio e cobre acima dos valores de referência estabelecidos pelos padrões de saúde no Brasil foram detectadas na poeira coletada dentro das casas em comunidades de Mariana (MG) e Barra Longa (MG). As duas cidades são as mais afetadas pela lama que vazou da barragem da mineradora Samarco, após a ruptura ocorrida em novembro de 2015. A análise foi realiza pelas empresas Ambios e Technohidro e os resultados incluídos no Estudo de Avaliação de Risco à Saúde Humana (ARSH).

Além da poeira, foram encontrados níveis acima dos padrões nacionais em sedimentos e no solo para ferro, manganês, cádmio, alumínio e cobalto. Também foram analisados alimentos produzidos na região. Em frutas e tubérculos, arsênio foi encontrado em concentrações que extrapolam o recomendado. Já no ovo, constatou-se excesso de selênio. Os metais com maior número de amostras acima dos valores de referência foram o ferro, em 41 análises, e o manganês, em oito.

A pesquisa foi divulgada nesta terça-feira (17) pela Fundação Renova, entidade criada conforme acordo firmado em março de 2016 entre a mineradora, suas acionistas Vale e BHP Billiton, o Governo Federal e os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo. Cabe a ela reparar todos os prejuízos causados em decorrência da tragédia, na qual 19 pessoas morreram, comunidades ficaram destruídas e dezenas de municípios mineiros e capixabas situados na bacia do Rio Doce foram impactados pela poluição.

De acordo com a Fundação Renova, a presença de metais no ambiente é natural na região, que é conhecida como Quadrilátero Ferrífero. A entidade afirma que apenas o ferro e o manganês teriam correlação com o rompimento. Segundo ela, com exceção desses dois, os demais metais foram encontrados em níveis acima dos parâmetros recomendados apenas em amostras pontuais e, na maioria das vezes, fora da área atingida pelo rejeito.

Na semana anterior, uma pesquisa apresentada pela Cáritas e pela Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas), assessorias técnicas que prestam suporte aos atingidos de Mariana e Barra Longa, respectivamente, identificou alta presença de ferro no solo. Diferentemente do estudo apresentado nesta terça-feira pela Fundação Renova, a pesquisa revelou também níveis altos de cobre, zinco e níquel. Em amostras de água, chamaram atenção concentrações de ferro, manganês, níquel e, eventualmente, de chumbo. O estudo foi realizado por uma equipe multidisciplinar do Laboratório de Educação Ambiental, Arquitetura, Urbanismo, Engenharias e Pesquisa para a Sustentabilidade da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop).

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