O bailarino Marcelo Oliveira recorre a dança para transformar trauma em movimentos poéticos. E neste sábado (11), retorna à São Mateus com a performance Entre-me, que apresenta um recorte do espetáculo como parte da programação do Festival Alumiô, no balneário de Guriri. De acordo com ele, o espetáculo tem classificação livre e entrada gratuita. “É uma forma de questionar a temática enquanto explora a superação da vulnerabilidade” – comenta.

“O espetáculo conta com poesias visuais que visam a retratar estados psíquicos de uma vítima de violência sexual, além de construir um campo de reflexão como convite à denúncia contra a cultura do abuso. O silenciamento criado a partir das ruínas causadas pelos agressores acomete a maior parte das vítimas desse crime, deixando-as na deriva do seu sentir, deturpando sua visão e forma de interagir com o mundo. Medo e vergonha dificultam a investigação de casos de abuso. Aqui trazemos o protagonismo ao assunto como um manifesto” – explica o bailarino, que também é o criador do espetáculo Entre-me.

“Uma vez que por se tratar de uma violência íntima muitos escolhem não a ver e colocam em xeque as poucas pessoas corajosas o suficiente para denunciar, por isso é de extrema importância discutir essa temática. O grande número de casos não resolvidos, impunes, ou desacreditados são como uma faca na garganta daqueles que buscam coragem para falar. Dessa forma, a obra Entre-me funciona como um alerta. Nos convida a ficar atento aos pedidos de ajuda e socorro silenciosos” – detalha Marcelo Oliveira, reforçando que a obra é um reflexo da história do artista “e de muitos outros anônimos”.

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O espetáculo conta com Marcelo Oliveira (intérprete e criador), Alif Ferreira e Lucas Martins (direção de audiovisual), Farley José (direção de fotografia e designer gráfico), Vitória Felicio (audiodescrição), José Augusto Boaventura (assistente de produção), Marcus Neves (trilha sonora), Vinicius Cezana (cenografia) e Camaleão Alfaiataria (figurinos).

O projeto é contemplado pelo edital 14/2021 com recursos do Funcultura, da Secretaria Estadual de Cultura. O espetáculo já passou por Montanha, Nova Venécia, São Mateus, Colatina e Vitória. Como produto resultante da circulação do espetáculo surgiu a exposição fotográfica Perdoe-me não dizer quando eu queria, exposição permanente na Galeria A Margem, na Avenida Cricaré, em São Mateus.

 

Foto do destaque: Divulgação

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