Presidente da Câmara de São Mateus, o vereador Paulo Fundão observa que no Município quase não se vê a presença da Suzano. Em entrevista à Rede TC de Comunicações nesta semana, o parlamentar afirma ter ciência de que a empresa é uma grande potência mundial na produção de papel e celulose.

Paulo Fundão: “É indubitável que faltou reciprocidade por parte da empresa com nosso Município. Todavia, de onde vem a matéria-prima? Extremo sul da Bahia e norte do Espírito Santo”. Foto: Secom-CMSM/Divulgação

Dessa forma, entende que a Suzano privilegia os investimentos em outros locais “contrariando o que deveria ocorrer pelo nível de exploração em terras mateenses”.

Paulo Fundão lembra que dados recentes a que teve acesso dão conta de um faturamento anual de aproximadamente R$ 9 bilhões por ano em 11 unidades industriais distribuídas pelo País com mais de 1 milhão de hectares de plantio de eucalipto. “É a maior produtora de celulose do mundo”, enfatiza.

Observa ainda que dados da Pesquisa da Produção de Extração Vegetal e Agrícola do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas de 2017 apontam que São Mateus havia ocupado o 6º lugar como maior produtor de madeira em tora para papel e celulose no País.

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“Como sendo o sexto município, o mínimo que deveria existir seriam investimentos que pudessem fazer frente a essa expressiva posição. Isso não ocorre” – destaca.

O vereador argumenta que, na contramão do retorno social para São Mateus, Cachoeiro de Itapemirim foi contemplada pela empresa com a 11ª fábrica, num investimento de mais de R$ 130 milhões.

“Portanto, é indubitável que faltou reciprocidade por parte da empresa com nosso Município. Todavia, de onde vem a matéria-prima? Extremo sul da Bahia e norte do Espírito Santo” – questiona.

“Sabemos que o sul do Estado já possui uma condição diferenciada no que se refere ao desenvolvimento, o que não se pode ver no extremo norte, onde o déficit de postos de trabalho gera um grande bolsão de desempregados elevando os índices negativos na região, como o da criminalidade e elevada dependência do poder público municipal, reduzindo a capacidade de investimento [da Prefeitura]” – complementa.

Paulo Fundão afirma que, por isso, “é obrigatório um olhar mais especial da empresa ao Município, pois tem total condições de diminuir o passivo social gerado em função de décadas de exploração”.

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O vereador diz esperar que os dirigentes da Suzano se sensibilizem com a situação do povo mateense e faça uma doação ao Município de toda a área em que hoje está a Câmara e o Senai, bem como de todo o complexo do antigo Greca.

O ginásio do antigo Greca, no Bairro Santo Antônio, está abandonado há vários anos. No local, Paulo Fundão propõe o desenvolvimento de ações “para tirar nossos adolescentes e jovens da ociosidade e das drogas”. Foto: Tatiana Milanez/TC Digital

FÁBRICA EM CACHOEIRO

Em março do ano passado, a Suzano inaugurou uma fábrica em Cachoeiro de Itapemirim, a primeira a produzir papel higiênico de folha tripla no mercado brasileiro (papéis suaves de alta absorção). Estão saindo das duas linhas de produção da nova unidade os papéis das marcas Mimmo (folha tripla e folha dupla) e Max Pure (folha dupla).

Mesmo com grande produção de matéria-prima no norte do Espírito Santo e sul da Bahia, a Suzano ainda renunciou a incentivos fiscais da Sudene em São Mateus ao optar por instalar a fábrica em Cachoeiro do Itapemirim, que não possui florestas de eucalipto ou produção de celulose de relevância.

GRECA PARA TODOS

Em pronunciamento na sessão da Câmara de São Mateus na semana passada, Paulo Fundão propôs a utilização dos imóveis da Suzano no Bairro Santo Antônio para abrigar o Centro Administrativo da Prefeitura e também um complexo educacional e esportivo para os moradores da zona oeste da Cidade.

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Ele lembrou que, além dos prédios que abrigam atualmente a Câmara Municipal –que brevemente estará de volta ao Centro– e o Senai, há também a ampla estrutura que pertencia ao antigo Greca, com campo de futebol, quadras e ginásio poliesportivo, abandonados há mais de 10 anos.

“A Aracruz Celulose, que depois virou Fibria e agora é Suzano, deixou um grande déficit social em nossa Cidade. Poderia agora, para amenizar esse déficit, doar toda essa área para o Município” – reforçou o presidente da Câmara Municipal.

Ele defendeu inclusive o desenvolvimento de ações, nesse complexo, “para tirar nossos adolescentes e jovens da ociosidade e das drogas”.

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