Em processo de internacionalização, o Centro Universitário Vale do Cricaré (Univc) recebe a pesquisadora alemã Lea Schneidemesser. Desde segunda-feira (10) no Município, Lea cumpre agenda com bate-papo com estudantes, eventos dos cursos de graduação e de mestrado, podcast, reuniões com reitoria e pró-reitoria e de diálogo com as coordenações. As agendas dela seguem até terça-feira (18).

Lea Schneidemesser destacou a receptividade em São Mateus, incluindo do reitor do Univc, Solimar Roberto Riva, e do pró-reitor Gabriel Riva. Foto: Wellington Prado/TC Digital

Lea estudou Sociologia na Friedrich Schiller University Jena, na Alemanha, e na Zhejiang University, em Hangzhou, China, com foco em Sociologia do Trabalho, Industrial e Econômica. É pesquisadora associada no Projeto Plataformas Industriais de Internet, Restruturação de Redes de Produção e Trabalho na China e na Alemanha. A pesquisa dela se concentra em questões sobre o futuro do trabalho, a economia de plataformas (industrial) e disputas trabalhistas com foco regional na Alemanha e China.

Após a agenda de atividades no Univc, Lea segue para o Rio de Janeiro, onde fará duas apresentações em uma conferência de Ciências Sociais.

Pró-reitor Acadêmico do Univc, Gabriel Vicente Riva lembra que a instituição tem colocado ênfase no trabalho de internacionalização. “Estamos criando essas conexões internacionais para que os alunos comecem aos poucos perceberem que o mercado de trabalho deles, hoje, no mundo globalizado, não se limita ao Brasil, mas eles têm seus braços para todo o mundo”, sustenta.

Gabriel reforça que o Univc constrói laços com centros universitários de boa reputação no exterior, como na Alemanha, onde ele cursou doutorado. “A Lea, então, vem como um desses impulsos de laços institucionais”, frisa Gabriel, ressaltando que conheceu a pesquisadora no período que esteve na Alemanha.

INTERNACIONALIZAÇÃO

Pró-reitor acadêmico do Centro Universitário Vale do Cricaré (Univc), Gabriel Vicente Riva que o processo de internacionalização no Univc está em etapa de construção de laços institucionais, abrindo portas para que haja um fluxo.

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“Então a gente está finalizando esse processo de aberturas de portas internacionais com diversos acordos que a gente tem, com universidade de Portugal, Uruguai, Alemanha, Estados Unidos, China. A gente está construindo esses laços e finalizando a construção dessas pontes”, ressalta.

Tendências para a formação profissional na era digital

Em entrevista descontraída à Rede TC, com a tradução de Gabriel Riva, a pesquisadora Lea Schneidemesser elogiou a receptividade no Espírito santo, destacando a culinária e a beleza do Município e do norte do Estado, incluindo as praias mateenses.

Perguntada sobre as tendências para a formação profissional na era digital, ela, cuja pesquisa é mais no campo industrial, dividiu a resposta em dois tópicos.

No primeiro, fez uma análise no campo das plataformas de serviços. Conforme explica, foi observado que, por um lado, elas são boas para os consumidores, mas para quem trabalha nem tanto. Ou seja, quando se fala, por exemplo, de plataformas de compras online, delivery, transporte por aplicativo, ela entende que, para o consumidor “é um serviço muito legal, contribuitivo, que facilita a vida em algum grau”. Mas observa que, para o trabalhador, é ruim em termos de salários, condições de trabalho, “ou seja, as garantias trabalhistas são enfraquecidas”.

O segundo aspecto gira em torno da inserção da tecnologia, digitalização na chamada de indústria 4.0, também conhecida como a quarta revolução industrial. Lea sustenta que a análise desse aspecto é mais complicada do que a das plataformas digitais. Sustenta que nesse tópico não se consegue perceber com clareza uma redução dos direitos trabalhistas, de salários, piores condições de trabalho, como nas plataformas digitais de serviços.

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O que Lea disse ter percebido também “é uma mudança de exigir novas habilidades aos trabalhadores, uma mudança de perfil profissional, mas não mudança neste ponto de redução de salários de precarização nas condições do trabalhador, se tratando então de uma perspectiva que entende ser mais complexa de analisar”.

Exemplo da inserção da IA

Como exemplo de tendências para a formação profissional na era digital, Lea citou o exemplo da inserção da Inteligência Artificial na indústria de papel e celulose.

Nesse caso, nos estudos já realizados, aponta que “os pesquisadores perceberam que as mudanças fizeram com que ocorresse demanda de pessoas que supervisionassem o trabalho de Inteligência Artificial e avaliassem que decisão a seguir: a apontada pela IA ou prosseguir por outro caminho”. “Então, dentro desta situação, a decisão continuava com o ser humano”.

Para a pesquisadora, IA pode ter impactos diferentes em cada segmento

A pesquisadora Lea Schneidemesser afirma que a forma com que a Inteligência Artificial impactará o futuro do trabalho precisa ser analisada em cada campo por ser difícil fazer uma regra geral. O entendimento é que pode haver impactos diferentes em cada segmento.

Ela, por exemplo, gosta de falar da área industrial, onde salienta que algumas mudanças que se imaginava no passado que iria ocorrer não se concretizaram necessariamente.

No processo de manutenção de máquinas, por exemplo, observa que a Inteligência Artificial muda processos em pequenas etapas, mas não muda o total de processos de forma geral. Conforme explica, “no geral, o processo continua o mesmo, muda-se detalhes”.

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A pesquisadora aponta que na manutenção de máquinas, “a Inteligência Artificial fala o que fazer em determinados momentos, dita determinados fatores, condições, elementos, mas não necessariamente muda o processo”.

Mas, diante das diferenças de segmentos, Lea sustenta que ainda não dá para apontar o que vai acontecer no futuro. No entanto, nas pequenas mudanças que podem acontecer de forma significativa, acredita que será de formas distintas nos mais diferentes aspectos de trabalho. Para ela, as mudanças mais radiais ainda não estão muito claras.

A pesquisadora Lea Schneidemesser fica em São Mateus até terça-feira. Foto: Wellington Prado/TC Digital

Reestruturação das redes de produção e trabalho e a concentração de riquezas

Assim como a inserção de Inteligência Artificial, quando se fala em reestruturação das redes de produção e trabalho em relação à concentração de riquezas, a pesquisadora Lea Schneidemesser entende que existem respostas diferentes para cada uma das áreas.

Algo que ela entende, que tem como falar, é sobre as big techs que reúnem grandes plataformas e que concentram poder e riqueza nos países-sede, em contraposição dos demais países que são usuários.

Ela relata como exemplo, que plataformas de trabalho contratam principalmente pessoas do mundo inteiro que são da área do design gráfico, de sistemas de informação, de dados e TI para resolver os problemas.

Para a pesquisadora, essas plataformas têm um impacto específico para o país-sede. Lea aponta que os Estados Unidos atualmente lideram essa corrida, mas lembra que a China vem numa crescente, concentrando essa disputa de poder e riqueza entre os dois países.

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