LUCAS BOMBANA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar subia frente ao real nesta segunda-feira (19), conforme a tramitação da PEC da Gastança na Câmara dos Deputados entra em semana decisiva, com investidores de olho ainda na decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, de conceder liminar que retira o Bolsa Família da regra do teto de gastos.

Por volta das 12h, o dólar à vista avançava 0,49%, a R$ 5,3200 na venda.
O anúncio de novos membros da equipe econômica do ministro da Fazenda do governo eleito, Fernando Haddad, também segue no radar dos agentes financeiros nesta semana.

O ministro Gilmar Mendes decidiu neste domingo (18) que a manutenção no próximo ano do Auxílio Brasil pode ocorrer pela abertura de crédito extraordinário e que essas despesas não se incluem nos limites do teto de gastos. No governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o benefício voltará a se chamar Bolsa Família.

“Na prática, Mendes apenas permite o Bolsa Família não fique sujeito ao teto em caso de descumprimento das regras de arcabouço fiscal”, disse Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos em nota.

Ele avalia que, economicamente, a decisão do ministro do STF é melhor que a PEC da Gastança, pela avaliação de que o impacto ficaria restrito aos R$ 150 bilhões do Bolsa Família apenas por um ano.

Segundo o economista da Ativa, a medida amplia a expectativa sobre a aprovação da PEC nesta terça.

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta segunda que a negociação do governo eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o Congresso Nacional pela aprovação da PEC continua, apesar da decisão do ministro do STF.

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“A negociação permanece, é importante para o país apostar na boa política, na negociação, na institucionalidade para a gente dar robustez para a política econômica que vai ser anunciada e que vai aplacar os ânimos e mostrar que o Brasil vai estar no rumo certo a partir de 1º de janeiro”, afirmou.

O anúncio de novos membros da equipe econômica do governo eleito também segue no radar dos investidores.

O futuro ministro da Fazenda deve anunciar nesta segunda-feira (19) a subprocuradora-geral da Fazenda Nacional, Anelize Lenzi Ruas de Almeida, para o comando da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional) do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na última terça-feira (13), Haddad anunciou dois nomes de seu secretariado. O ex-banqueiro Gabriel Galípolo será o secretário-executivo da pasta, o segundo cargo mais importante do ministério, e o economista Bernard Appy ocupará uma secretaria especial para a reforma tributária, área na qual ele é especialista.

Já a Bolsa de Valores brasileira tem uma sessão de ajuste após a queda acumulada na semana passada e opera no campo positivo nesta segunda.

O índice de ações registrava valorização de 1,4%, aos 104.335 pontos, com as maiores altas de empresas mais voltadas à economia doméstica, que nas últimas semanas sofreram em um cenário de aumento dos juros projetados pelo mercado nos próximos anos que impacta o valor futuro esperado de lucro para as companhias na Bolsa.

Nas Bolsas dos Estados Unidos, os principais índices de ações operam sem uma clara tendência definida nesta segunda.

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O S&P 500 recuava 0,3% e o Nasdaq cedia 0,55%, enquanto o Dow Jones oscilava em alta de 0,3%.

Na semana passada, os mercados globais acumularam perdas na esteira na esteira das sinalizações transmitidas pelas autoridades monetárias globais indicando um cenário à frente com novas altas de juros para combater a persistente pressão inflacionária.

“A semana dos bancos centrais trouxe para parte do mercado um sinal amargo de que as políticas monetárias devem sim permanecer contracionistas, apesar dos sinais recentes de arrefecimento de inflação e atividade econômica”, disse Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

Embora tenha reduzido o ritmo de alta dos juros de 0,75 ponto percentual nas últimas reuniões para 0,50 ponto no encontro desta quarta, o banco central dos EUA (Federal Reserve) disse que espera aumentar ainda mais a taxa básica de juros e que deve mantê-la elevada por mais tempo do que o previsto anteriormente, sinalizando que seus esforços para conter a inflação alta provavelmente significarão um crescimento maior no desemprego e uma possível recessão.

Na Europa, o sentimento de aversão ao risco também predomina, depois que o BCE (Banco Central Europeu) aumentou as taxas de juros pela quarta vez consecutiva nesta quinta-feira, embora em magnitude menor do que em suas duas últimas reuniões.

O banco central dos 19 países da zona do euro aumentou a taxa de juros que paga sobre os depósitos bancários de 1,5% para 2%, afastando-se ainda mais de uma década de política monetária ultrafrouxa.

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Ainda assim, a decisão marcou uma desaceleração no ritmo de aperto depois de altas de 0,75 ponto percentual em cada uma das duas reuniões anteriores do BCE, que prometeu novos aumentos e apresentou planos para drenar dinheiro do sistema financeiro como parte de sua luta contra a inflação.

“O Conselho do BCE considera que as taxas de juros ainda terão que subir significativamente a um ritmo constante para atingir níveis suficientemente restritivos para garantir um retorno oportuno da inflação à meta de 2% a médio prazo”, disse o BCE.

A autoridade monetária europeia também elevou suas projeções de inflação para a zona do euro e disse que o crescimento dos preços permaneceria acima de sua meta de 2% ao longo de um horizonte de projeção que agora se estende até 2025.

O banco agora vê a inflação no bloco em 6,3% no próximo ano, em comparação com as expectativas de 5,5% feitas em setembro. Sua previsão para 2024 foi aumentada de 2,3% para 3,4% enquanto que, em sua primeira estimativa para 2025, o BCE vê a inflação em 2,3%.

Ao mesmo tempo, o crescimento econômico sofrerá muito no próximo ano como resultado da guerra na Ucrânia, particularmente por seu impacto na elevação dos preços da energia.

00000O BCE vê agora o crescimento do PIB em 0,5% no próximo ano, em comparação com os 0,9% previstos em setembro, enquanto que em 2024, está previsto um crescimento inalterado de 1,9%. Em 2025, o BCE prevê um crescimento de 1,8%.

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